O público não é você, sou eu!

Reproduzo aqui um diálogo que presenciei como “papagaio-de-pirata”.

PESSOA CULT: Você devia se envergonhar de levar seu filho nessas peças. Elas são feitas por péssimos atores e são o cúmulo da má produção

ZÉ: Olha, eu não entendo nada de teatro, muito menos meu filho de dez anos, mas se ele gosta eu levo.

PESSOA CULT: Você devia mostrar pra ele que tem coisas melhores. Eu já atuei em várias peças que levam o ser humano a refletir sobre sua existência e sobre a vida. Coisas, profundas, sabe. E não esse teatro superficial que você leva seu filho.

ZÉ: Moça, eu já penso demais na vida quando fico 10h por dia me estressando, pegando no batente e levando o sustento pra casa. Meu filho também tem que ralar na escola e ajudar a mãe em casa, e te garanto que isso faz ele pensar bastante. No sábado eu já não quero pensar, muito menos ele. Queremos nos divertir. E se a peça fosse tão ruim assim não estaria lotada todos os fins-de-semana, não acha?

PESSOA CULT: É porque esse pessoal como você não entende nada de teatro.

ZÉ: Mas o público não é você, sou eu e o povão.

FIM

Ok, temos agora um intrigante paradoxo onde cada parte irá defender até o fim seu ponto de vista. Eu não tenho opinião sobre isso. Não quero ter. Sei que o teatro no Brasil está desprezível, e que mesmo assim o povão adora.

Já diziam os mestres: “É o público quem decide o que é bom e o que é ruim”

Mas quem é o público?