Geração Twitter

De antemão quero deixar claro que não tenho nada contra o twitter. Tenho minha conta lá e de vez em quando deixo minhas impressões. O “Twitter” empregado no título refere-se à superficialidade das coisas. E é sobre essa superficialidade que irei falar. Tudo está acontecendo muito rápido. Um casal tinha a crise dos 7 anos. Hoje o casal tem a crise dos 7 dias. Não dá mais tempo para pensar e sentir. E como são tantas informações, é impossível se aprofundar. Daí a superficialidade nas coisas. Antigamente – não muito tempo atrás – quando tínhamos que pesquisar algo, dirigíamos à biblioteca e ficávamos horas a fio às voltas com livros empoeirados que sujavam as pontas dos nossos dedos e nos faziam espirrar. E na maioria das vezes não encontrávamos o que queríamos. O material era muito escasso. Com a chegada da Internet facilitou e muito a nossa vida. Basta entrar no Google, por exemplo, digitar o que procura e fazer a pesquisa. E sem sair de casa. Não é o máximo? Encontrei através deste site uma infinidade de textos, artigos, filmes que jamais esperaria encontrar. Obras raras e quase em extinção. Hoje a molecada tem tudo na mão. Basta um simples clique do mouse. São bombardeados de informações. Fui fazer uma pesquisa de campo numa lan-house pra escrever este artigo. E todos os clientes estavam acessando sites de relacionamentos: Orkut, Msn, Facebook, Hi5, Sônico, Twitter e sei lá mais o que. Ninguém estava fazendo outra coisa a não ser isso. Vivendo sua vida virtual e jogando fora a vida real. O ser humano virando escravo de uma máquina. E quando os jovens trazem essa superficialidade para o teatro, simplesmente decorando o texto, subindo no palco e falando o texto sem saber o que ele quer dizer? Jovens que tem medo de se entregar, de se machucar, de atirar, de mergulhar no desconhecido. O que está acontecendo com essa geração? De quem é a culpa? Os jovens quando entram em cena – há exceções evidentemente – parecem que estão numa passarela num desfile de moda e não num palco vivendo um papel. Tudo é muito raso, superficial, como suas próprias vidas. Não há mais adrenalina, brilho nos olhos, tesão por estarem ali. Só vaidade, egoísmo e egocentrismo. Tenho o maior respeito pelos jovens atores, porém confesso que alguns me assombram. Talvez porque trabalhei há uns anos atrás com uma equipe maravilhosa de adolescentes que com 11, 12 anos batiam um bolão no palco em espetáculos que são lembrados até hoje, passados 10 anos. Recentemente estive em um festival de teatro e fiquei observando o comportamento dos jovens ali envolvidos. O que era pra ser um momento de celebração, de comunhão, virou sei lá o quê. Grupos fechados em seus próprios guetos, sem interagir com outras pessoas, não comparecendo nas palestras com artistas renomados porque estavam com ressaca da festa do gueto da noite anterior, e/ou se compareciam estavam “de bode”. Será que depois do twitter, as pessoas vão assistir a um filme de 3 horas, espetáculos de teatro de 2 horas, ler um livro de 200 páginas e escrever um texto com mais de 30 linhas? Será que essa superficialidade vai acabar