Por que temos que chorar migalhas?

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Diante da polêmica criada sobre a liberação para captação de recursos para o blog de uma certa cantora famosa, fiquei trocando figurinhas com os meus botões e tanto eu como ele, chegamos a uma triste constatação: Por que artistas comuns tem que chorar por migalhas? Por que é tão difícil aprovar projetos de artistas sem expressão nacional? Ou será que estou completamente enganado?

 

Sou o que se chama de dramaturgo de gabinete, portanto nunca senti na pele a dificuldade de enviar um projeto para obtenção de autorização para captação de recursos para produção de meus textos, negocio apenas os meus direitos autorais com os grupos interessados, talvez, por isso, não conheça direito todo o processo, mas as vozes ressonantes que soam aos quatro ventos, dizem que a coisa é assim.

 

Já não é a primeira vez que polêmicas deste quilate tomam conta dos noticiários e das redes sociais, não por não ser legítimo, pois todo e qualquer artista, independentemente da sua fama, tem direito de usufruir o que a lei em vigor reserva aos artistas, o que parece ser é imoral, pode-se dizer até que anti-ético. Me digam: Que empresário não gostaria de fazer uso de renúncia fiscal e atrelar sua marca a um artista famoso?

 

É, o tema é realmente controverso e pessoas de ambos os lados vão achar que tem razão e, se analisarmos bem a situação, vamos perceber que no fundo, o direito de aproveitar os benefícios da lei é lícito para todos. Portanto, eu e meus botões chegamos a conclusão que o problema está no órgão governamental responsável pela aprovação. Aí reside o tumor de toda a celeuma.

 

Talvez, uma análise mais criteriosa dos responsáveis pela aprovação dos projetos, que deveria inclusive passar pelo efeito que tal decisão causaria na opinião pública, contribuísse para que todos não ficassem com uma sensação de injustiça, principalmente com tantos e tantos artistas que choram por migalhas para realizarem a duras penas, os seus projetos.

 

Imaginem só quantos e quantos projetos poderiam ser realizados se o montante autorização para captação do projeto da tal cantora fosse distribuído para companhias de teatro pelo interior deste país, por exemplo? Quantos festivais culturais? Quantos curtas-metragens? Quantas cidades poderiam oferecer cultura aos seus habitantes? Uma liberação como ocorreu para o tal projeto, acaba causando um mal estar desnecessário.

 

Que a lei é para todos os artistas, isso não discute, o que se cobra é que os órgãos responsáveis precisam ser mais criteriosos nas aprovações de projetos e procurar contemplar com os benefícios da lei, não só os artistas famosos e de grande reconhecimento popular, mas também aqueles que precisam chorar por migalhas para colocar na estrada os seus projetos.