EM IGREJA OU ESCOLA NÃO HÁ TEATRO

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COELHO DE MORAES

Quando escrevemos sobre teatro já engatamos a marcha para falar de critica, de reflexão, de pensamento, de reação, de catarse, de caimento de ficha (intuição). Quando falamos de religião já posamos de doutores do conformismo, professores do comodismo, da formatação, da lavagem cerebral e da vitrine do status quo.  De maneira nenhuma uma coisa pode se confundir com a outra. Nem mesmo as escolas fazem teatro (fundamental e ensino médio) pois ainda ai há a resquícios da  conformação. Nessas atividades, nesses lugares, não há crítica (o diretor não permite);  não há reflexão (a escola não permite);  não há criação (pois as professoras acham que Xuxa e outras sacerdotisas são ainda referência importante). Talvez sejam referência daquilo que não se deve fazer.  

Daí que grupos de jovens de Igreja em nenhuma momento fazem teatro;apenas repetem o que o padre ensinou, o catecismo, a ordem dada, o já pensado por terceiros. Não há reflexão, mas há mímica, pantomima. Para os que ainda não entenderam a ação de REFLEXÃO desemboca em mudança de pensamento por aquisição de novas informações retroalimentadas ou, na fundamentação da verdade; sabemos que em religião ou filosofia não há verdades. Pode existir a busca delas mas não se chega a lugar algum. Navegar é preciso. O problema da religião, diferente, da filosofia, é que ela, inspirada por entidades intangíveis, afirmará a verdade que lhe interessa. Não há teatro sobre isso, portanto. A cada dia de apresentação se nos apresentará uma determinada verdade.

Sugerem alguns estudioso que há teatro para fins múltiplos.  Há encenações teatrais para a diversão, ou instrumento político, ou que buscam consolidar regimes ou ideologias nacionais, ou ainda os grupos comerciais, e, pasmem, o teatro religioso.

É fácil discutir Teatro e Religião. Começa que um nunca é o outro. Pode-se solenizar e se montar cenas santas e sacras mimetizando um acontecimento. Longe disso ser considerado interpretação e releitura de assuntos sacros pois tais assuntos são inquestionáveis. O teatro é questionamento.

Apesar de ter nascido na Hélade, supõe-se, com Téspis e turma em celebrações orgiásticas dionisíacas  (essa parte gostosa a igreja não permite), uma coisa não tem nada a ver com a outras pois Téspis não fazia teatro. A construção do teatro como questionador da moral e costumes e dos deuses foi processo / é um processo. Nada que seja  estável e que deva obediência a entidades superiores como igreja ou escola, pode produzir qualquer tipo de coisa que seja TEATRO.  Pode ser um espetáculo para falar do mesmo mantendo a coisa do jeito que está. Pode até lembrar teatro pois é feito em auditórios e parece coisa de  teatro, apesar das roupas cetim. As pessoas querem brilhar mais do que sua próprias luzes.

 Apesar de Anchieta ter escrito uma obra para encenação – ludus cênicos – comprova que a doutrinação (lavagem cerebral)  era matéria de primeiro interesse e não o questionamento em si: - Será mesmo Deus o deus de todo mundo ou será Tupã?

Onde houver a palavra NÃO  o teatro não existe.

O teatro como  força viva é transformador. Se for conservador não é mais teatro. Sobre o teatro dizem de tudo. Entretenimento, diversão, e, talvez agente portador de mensagens morais. Essa parte já é pertencente ao uso da cultura como meio de dominação das massas. O teatro não se presta a isso. Ele é dinâmico e móvel e se auto/transmuda. Para o teatro, como diz o poeta, não servirá o apontar caminhos, mas servirá bem apontar uma porta e dizer, por ai é que não vou. Não se tem certeza para onde se vai, mas, se tem absoluta certeza para onde não se deve  ir. Dessa forma já começamos a pensar teatro.

Quando a Igreja usa o teatro amador para  agregar jovens, já se pode ficar de orelha em pé pois há ai uma manobra para controle das massas e das jovens mentes.  As tribos devem ser moldadas segundo a idéia do livro ou do pastor. Teatro amador (em geral aplicado por curioso, sem formação técnica alguma) é caminho para a formatação das mentes (que chamam, de maneira equivocada de  atividade para a formação mora e social  do indivíduo). O ideal seria abalar as estruturas.

O teatro não vem trazer a paz e se querem, ainda,  citar Jesus nessa coisa toda falem daquilo que sempre é escondido por pastores e padres e lideres religioso. Jesus disse: eu não vim trazer a paz, mas trazer a espada. Não há tolerância alguma, especialmente entre iguais, mas entre os menores e menos aquinhoados de reflexão até pode ter tolerância,  mesmo por que não haverá competição nesse campo. 

A atitude da Igreja será sempre a de controlar e educar segundo sua maneira de ver a verdade, em geral, subserviente ao estado e às punições divinas. A Escola fará o mesmo basta ver que se estuda de acordo com uma cartilha pré-preparada por professores ditos especialistas. Mas me pergunto, o que fiz na Universidade esse tempo todo que não consigo nem fazer uma cartilha ou traçar uma linha de pensamento e construir a aula que me parece adequada? Por que o Estado deve dar a linha? Por querer controlar as pessoas. Vai que todo mundo resolve parar de pagar impostos. Só pode ser por que o Estado e Igreja desejam conduzir o fiel para ‘o bom caminho’, ou seja, obedecer aos poderes e nunca se rebelar... por que?

Por que, pensam eles,  isso é coisa de artista criador e essa gente tem que ficar de cabresto curto, meu.