Artigos Diversos

Um ano novo com muita arte

O tempo agora é de festa, de confraternização, muitos fazem deste, um tempo ideal para rever idéias, repensar a sua arte, avaliar novos projetos, e contabilizar o quanto o ano lhe foi produtivo. Posso garantir que o meu foi. E devo parte disso, a vários de vocês, que sempre prestigiaram meus artigos.

Muitos assuntos foram abordados por mim, e o retorno foi surpreendente, podem apostar! Cada comentário postado por cada um de vocês, me fez buscar a cada dia, uma abordagem diferente, mesmo que ás vezes, os assuntos acabassem sendo recorrentes, o que me obrigava uma atenção ainda maior, para não acabar sendo repetitivo. Espero que não tenha sido.

Falei de ansiedade, teatro infantil, de busca pela fama, dos multiplicadores de arte, de talento, da discriminação dos artistas, sempre pensando e procurando contribuir para o engrandecimento da arte, que acaba sendo valorizado no Brasil, só quando vai parar na televisão.

Foi um ano em que espero que muitos tenham conseguido alcançar seus objetivos e realizado os projetos que idealizaram. Um ano, que espero tenha sido de muito aprendizado e muito esforço, na busca de mostrar e levar a sua arte até o seu público, e acima de tudo, um ano que espero tenha sido de muitos aplausos.

Mesmo que outros tantos não tenham tido o ano que esperavam, agora é tempo de recomeçar, renovar e acreditar que se é capaz. É tempo de fazer da sua arte, o combustível para um ano novo que chega, e que pode modificar a sua vida, pois se a arte imita a vida, outras tantas, a vida imita a arte, e quem sabe, você não acaba sendo surpreendido por alguém que reconheça enfim, seu talento. Por quê não?

Por hora, vou deixar um pouco os artigos de lado, pois como agora é tempo de repensar, preciso reavaliar meus conceitos, procurar outros ensinamentos, e buscar novos conhecimentos, procurando sempre, melhorar a cada dia. Também espero, que cada um de vocês, aproveite esse recesso, e descubra algo novo que possa contribuir para o bem de sua arte.

E que todos tenham um ano novo com muita arte, e que possamos nos encontrar novamente no início do próximo ano, para trocarmos novas experiências, em busca de uma arte ainda melhor.

Um Feliz Natal e um ano novo muito especial a cada um de vocês, que de alguma forma, participaram deste meu ano, e contribuiram para que ele fosse produtivo e muito enriquecedor.

Abraços e beijos, até Janeiro, e muita MERDA à todos vocês!

A indústria do futuro

Talvez alguns quando lerem esse artigo não concordarão comigo, outros até me chamarão de “sem juízo”, ou sei lá o quê, mas tenho aqui comigo, a impressão de que a cultura será a grande indústria, e a maior geradora de empregos do país, pois é evidente o crescimento da indústria do entretenimento, e a cultura é sem dúvidas, a principal vertente deste segmento.

Pode não parecer, ou ás vezes até passar despercebido por muitos, mas a realização de uma obra cultural envolve um número enorme de pessoas, e quando isso passar a ser enxergado de uma forma mais profissional, todos sairão ganhando, e a cultura alcançará, com certeza, o status de uma grande indústria.

Vejam só o exemplo de uma simples peça teatral: Quantas pessoas são envolvidas para a realização do espetáculo? Autor, diretor, ator, atriz, iluminador, cenógrafo, músico, figurinista, produtor, divulgador, isso falando apenas da principal cadeia produtiva. Imaginem isso numa grande escala e feito de uma forma mais profissional?

A cultura do país ainda é tratada com casca e tudo, e os poucos incentivos que são dados, servem apenas para mascarar a situação de como a cultura é tratada no país, e tem o simples propósito de cumprir um dever que todo o governo tem, que é o de fomentar a cultura de seu povo.

Mas, muito mais que fomentar a cultura com algumas migalhas, o governo deveria enxergar a cultura como uma indústria, tal qual ela é. E é lógico que a culpa não é só do governo, todos nós que estamos de uma forma ou de outra ligados a cultura, precisamos também, pensá-la como indústria, e aprender a gerir esse negócio.

Todos os segmentos da economia têm dificuldades, não é diferente com a cultura, e não cabe aqui, ficar só atirando pedras no governo, seja ele qual for. É hora de olhar para o segmento da cultura, com olhos de empresários, e acabar com aquela máxima de que o artista é um sonhador, e tem que viver à margem da sociedade por não ter recursos.

A cultura tem a força, e é um segmento que pode e tem todas as condições de se transformar, como já disse antes, no maior pólo gerador de emprego, e já que o governo ainda não se apercebeu disso, o próprio segmento pode mostrar a sua força econômica e construir um novo modelo de cultura.

É claro que não é fácil, e é preciso um mínimo de infra-estrutura para formatar um modelo rentável de negócio, mas se pensarmos nossos projetos muito mais além de que uma obra cultural, e dermos a eles um tratamento comercial, podemos dar início a um processo de mudança no conceito de encarar a cultura.

Com o advento da internet, e de toda a tecnologia que nos cerca, não cabe mais, pelo menos no meu ponto de vista, a velha visão amadora e o mesmo pensamento pequeno de que a cultura não sobrevive sem apoio. Hoje, muitos que fazem cultura, já dão os seus primeiros passos em busca da profissionalização de sua arte, indo ao encontro de soluções que possam viabilizar os seus projetos, e acho que esses, estão a um passo a frente.

Então, antes de simplesmente renegarem o meu artigo, ou sei lá o quê, pensem seriamente no assunto, pois a cultura não tem que permanecer como refém de uma política de migalhas, é preciso ir contra a corrente, e mostrar a real força da cultura, que pode vir a ser, e tenho certeza que será, a maior geradora de empregos do país, porque acima de tudo, a cultura vende o melhor produto do mundo, o conforto para a alma!.

Direitos Autorais: Todo Autor tem direito!

Bem, já estamos de volta e prontos para um novo ano, que espero venha a ser um ano de muitas realizações e sucesso para todos, e que muitos dos projetos que não puderam ser realizados o ano passado, possam ser concretizados neste novo ano.

Mas, vamos ao que interessa. Eu até queria começar o ano com algo que não fosse tão recorrente, acontece que entra ano e sai ano, isso não muda. Não sei se por uma questão de hábito, ou por uma questão de conveniência, prefiro acreditar que seja apenas por questão de hábito, pois assim, se a gente insistir um pouco, uma hora ou outra, a gente consegue mudar esse quadro.

Estou falando dos direitos autorais de quem escreve para teatro. Mais uma vez eu pergunto: Por que é tão difícil receber direitos autorais de textos teatrais? O texto para o autor é o seu ganha pão, e os direitos são as remunerações por esse trabalho, e que sem essa remuneração, muitos autores não conseguem se aprimorar no seu ofício, fazendo que muitos, aliás, a sua maioria, tenham que trabalhar em outras coisas para sobreviverem.

É claro que existem muitos trabalhos de caráter beneficente, feitos sem fins lucrativos, por pessoas que estão apenas interessadas em passar cultura para as crianças de comunidades carentes, e esses, devem sim, receber o apoio de dramaturgos, liberando a utilização para que essas pessoas possam trabalhar os seus textos junto à essas crianças. Eu não me recuso, e sempre libero meus textos quando se trata de projetos culturais deste tipo.

Mas, o que realmente me tira do sério, são as pessoas, que além de não comunicarem que vão utilizar o seu texto, não dão os devidos créditos, e ainda por cima, faturam cobrando ingressos do espetáculo. E como fica o texto? Como se ele não fosse uma das peças principais, quiçá, a principal de um espetáculo teatral, ele não vale nada?

Será que essas pessoas quando vão ao dentista fazem o tratamento e saem sem pagar? E o pão? Será que quando vão à padaria, pegam o pão e saem sem pagar? E a roupa de marca, o restaurante, a balada, como fazem? Simplesmente não pagam? Já passou da hora de se colocar as coisas nos seus lugares, afinal de contas, não se pede nada a mais, ou se pede?

Concordo que montar um espetáculo não é fácil, nem é nada barato, e quase sempre não se tem recursos, mas acho que tudo é uma questão de orçamento, ainda mais se levarmos em conta que geralmente, os direitos autorais são pagos através de um percentual arrecadado na bilhetaria, então, qual a dificuldade em se pagar os direitos autorais? Ou será que o autor que passou horas escrevendo o seu texto, não é mercedor disso?

Espero que neste novo ano que começa, os atores, diretores e/ou produtores, quando forem decidir qual espetáculo montar, possam no mínimo, comunicar ao autor o interesse pela utilização do texto, e possam ainda incluir nas planilhas de custos, os devidos direitos autorais.

Bem, é isso! Se você ama o teatro, entre nesta luta. Direitos Autorais: Todo Autor tem direito!

A indústria do futuro - parte 2

Como disse na semana passada, a cultura tem tudo para ser a maior geradora de empregos do país, mesmo que alguns digam que não. Só para ratificar o que foi dito, estamos à beira da maior festa popular do Brasil, onde é possível se notar o quanto a cultura pode ser um pólo gerador de empregos.

Só levando em conta as Escolas de Sambas do Rio de Janeiro, o número de pessoas que são empregadas para dar vida ao teatro andante é significativo, e dá bem a idéia do que pode ser feito com os outros segmentos da cultura.

Por quê é possível se ter uma indústria do carnaval, e não se pode ter uma indústria do teatro, por exemplo? Muitos vão falar que não é bem assim, que muitas Escolas de Samba são subsidiadas por contraventores penais. Tudo bem! Então, podemos citar o carnaval da Bahia, onde os trios elétricos também são grandes geradores de empregos a serviço da cultura popular.

É claro que existe uma linha muito tênue sobre um aspecto, o de ser profissional sem perder a arte, mas acho que uma coisa pode muito bem andar lado a lado com a outra, sem que ambas se prejudiquem em suas finalidades.

Acredito até que se a arte for tratada com mais profissionalismo, tudo torna-se-ia mais produtivo e talvez não vissemos tantos espetáculos de qualidade duvidosa, e tanta gente sem um mínimo de preparo se colocando como artista em cima de um palco.

Talvez, um dos motivos que façam o teatro não ser tão popular assim, e haja uma certa resistência quanto a divulgação, seja justamente essa falta de profissionalismo, pois, na maioria das vezes, a paixão pela arte acaba influenciando e contribuindo para que se façam montagens que acabam por desprestigiar o teatro como uma arte rentável do seu ponto de vista de negócio cultural.

Não quero aqui desqualificar e nem tão pouco menosprezar aqueles que fazem teatro amadorísticamente, sem maiores pretensões quanto à negócios ou quaisquer aspirações, apenas demonstrar que o teatro pode ser visto sob outro ponto de vista, e que deve se fortalecer como um produto, pois tem de estar preparado para integrar essa grande indústria da cultura, que ao meu ver, em um futuro não muito distante, se tornará a maior geradora de empregos do país.

Se é possível fazer com que outros segmentos da cultura tenham pólos geradores de empregos, como o cinema e o carnaval, por exemplo, por que não se pode fazer isso com o teatro?

Os espetáculos individuais

Há uns tempos atrás, espetáculos com um único ator em cena eram somente os classificados como monólogos, não que ele caíram em desuso, eles continuam sendo encenados, visto que, volta e meia, algum ator famoso sai em temporada mostrando o seu espetáculo individual. Mas, hoje em dia, vem crescendo uma outra forma de espetáculos individuais, que diferentemente dos monólogos, não são apresentados apenas em teatro.

Esses espetáculos, geralmente baseados em esquetes, e apresentados por ator, que na sua maioria, possuem uma grande veia cômica, e uma boa halibidade de dramaturgia, têm feito muito sucesso em casas noturnas, bares e pizzaria, sobretudo nos grandes centros urbanos.

Sinais dos tempos? Acho que não! Apenas uma alternativa que os atores encontraram para poderem exercer sua arte e conseguirem sobreviver de uma forma digna, diante de tanta falta de apoio que se tem, principalmente quando se pensa em montar um espetáculo teatral.

Muito embora o seu formato se assemelhe muito mais a um show do que a um teatro propriamente dito, nesses espetáculos individuais, os atores têm a chance de mostrarem o quanto são talentosos, conquistando um público cativo, e o tão sonhado reconhecimento.

Como o que importa é a arte e o exercício do ator se faz necessário sempre, esses espetáculos individuais fazem muito bem ao ator, e não deixam de ser uma boa alternativa para o público que não tem o hábito de freqüentar um teatro.

Talvez, esse seja apenas um movimento momentâneo, algo que o ator tenha sido obrigado a “inventar” a fim de encontrar uma alternativa viável para sua arte, e que com certeza, lá no fundo, só tem uma função, fazer do ator, o que de fato ele é, uma caixa de ressonância do mundo em que vive.

Portanto, enquanto o apoio for limitado e disponível apenas à uma minoria, que o ator possa então, levar sua arte da forma que puder e da maneira que quiser, pois é certo que assim, o ator fortalece sua interpretação, e com os constantes exercícios de improviso sempre presentes nesses esétáculos individuais, se aprimora ainda mais na sua arte.

Uma difícil escolha

Tenho percebido que muitos jovens têm demonstrado interesse em fazer teatro. Talvez muitos estejam apenas influenciados com a glamourização que a televisão dá à profissão do ator, e sinto que muitos acabam vivendo um grande dilema: fazer um curso livre de teatro, ou um curso profissionalizante?

Acontece, que na esteira dessa avalanche de interessados, muitos aproveitadores criam cursos, oficinas, e tudo quanto é curso ligado as artes cênicas, apenas para obterem vantagens financeiras, pois, muitos se quer possuem os conhecimentos e técnicas necessários para ministrarem um curso que forme alguém.

É difícil a escolha entre um curso livre ou um curso profissionalizante, isso passa muito pelo que você quer para o seu futuro. Se você quer mesmo viver do teatro, é bom que faça um bom curso profissionalizante (existem muitos pelo país), pois, você precisará do DRT, que é o registro profissional que permite o exercício da profissão. Mas, se você quiser levar o teatro como um hobby, também existem muitos cursos livres de teatro, e de muito bom nível.

O importante é que você se informe com as pessoas que freqüentam os cursos, para não cair em arapucas que estão armadas à cada esquina, prontas para pegar o primeiro desavisado que passar pela frente.

Seja um curso livre, ou um profissionalizante, o importante mesmo é que você queira realmente inserir o teatro na sua vida, pois nunca é demais lembrar, que fazer teatro, não é tão simples como talvez possa aparecer, por isso, escolha com critério, até mesmo para não perder dinheiro e tempo, com algo que você não quer de verdade.

Pense o teatro como algo que venha de sua alma, não como um veículo que lhe levará à fama. Acho que, se começar por aí, a escolha ficará menos difícil, pois curso livre ou curso profissionalizante, vai ser apenas uma questão de escolha, de como você quer usar o seu talento e sua vocação.

E, não tenha pressa para isso, vá com calma, pois, não existe a hora certa para o nascimento de um ator ou atriz, muitos nascem após anos de exercícios, empenho, sacrifícios, e muitos, e muitos cursos, livres e profissionalizantes.