Se Importem Menos com a Vida dos Outros

Estou muito preocupado com o que anda acontecendo com os meios de comunicação. Sempre detestei programas de fofocas. Pouco me importa se a Cicarelli trepou na praia com o namorado, se a Leila Lopes atuou num filme pornô, se Ronaldinho trepou com os travestis e muito menos tenho interesse em saber quem é homo, hetero ou bissexual. Cada um faz o que quer e ninguém tem nada com isso. Se importem menos com a vida dos outros.

Fico emputecido quando assisto programas que só exploram a vida pessoal de determinado artista e esquecem o lado profissional. A mídia, a cada dia que passa, está cada vez mais alienada. Não temos mais uma programação inteligente, com conteúdo, salvo algumas raríssimas exceções.

Diariamente somos bombardeados com dois tipos de programas: aqueles que só promovem a vida íntima dos artistas e àqueles que exploram a miséria humana. O tema de hoje é: "Meu marido é pão-duro", o de amanhã é: "Meus pais agem como adolescentes" e daí pra pior. Não consigo entender como as pessoas se submetem a isso – chego a pensar que são atores improvisando aquelas situações dantescas. Por que isso acontece? Por que não colocar em pauta temas mais úteis e de interesse público?

Porque não é interessante. Quanto menos a população souber sobre política, sociologia, filosofia, educação, cultura, melhor, porque não terão argumentos pra debater, pra modificar o mundo em que vive. O Brasil é um país de gatos. A população é acomodada. Basta alguém fazer um belo discurso pra engrupir o trouxa. Onde estão os caras-pintadas? Não se trata de fazer baderna, mas de lutar pelos seus direitos. Todo mundo tem direito a educação, a moradia, a saúde. São coisas fundamentais para o ser humano. A população, ao que parece, não consegue mais raciocinar.

Quem emburreceu? A mídia? A população? Ou eu?, que não consigo engolir essa punhetagem toda.

E porque os melhores programas e filmes só vão ao ar altas horas da noite quando a maior parte dos telespectadores estão dormindo? Esse horário não poderia ser reservado para os peitos, as bundas e os closes ginecológicos da Mulher Melancia, da Mulher Moranguinho, da Mulher Pêra, Mulher Uva, Mulher Maçã, Mulher Salada-Mista? Enfim... se continuarmos assim, não sei onde vamos parar.

Adoraria que esse quadro se revertesse, que a mídia não "fizesse a cabeça", mas que "abrisse a cabeça" das pessoas, tirando-as da inércia, da apatia e da alienação.

Aqui vai um recado para os fofoqueiros de plantão (não é culpa minha se lhe serviu a carapuça): se importem menos com a vida dos outros...