As máscaras do Teatro

Muito embora a arte do teatro seja representada pelas máscaras da comédia e da tragédia, o ser humano, travestido de ator sobre um palco, mostra-se desnudado e nos revela a verdadeira facete do homem. Seus defeitos, seus temores, suas angústias, seus amores, suas esperanças, expõe as suas entranhas e mostra-nos como deveria ser o ser humano no seu dia-a-dia.

 

Não há melhor lugar para que o ser humano se conheça e se desmascare dos vícios e vicissitudes que carrega. Sobre o palco, usando a força do teatro, pode-se passar a vida a limpo, rir e chorar sem medo de se colocar no ridículo e nem ter vergonha de se emocionar.

 

Mas, poucos são desprovidos de vergonha para deixar se expor de forma tão verdadeira, e esses poucos, aos olhos dos outros, quase sempre são considerados, loucos, desocupados, insanos, quiçá irresponsáveis, principalmente quando o público se vê ali, frente a frente, desmascarado e esmiuçado, pedaço por pedaço sem dó.

 

As máscaras que representam o teatro são de fato as máscaras que o ser humano usa para se apresentar diante da sociedade, desde quando acorda até quando se deita, pois na vida, não há ser humano que não use suas máscaras e se esconda atrás de uma imagem que verdadeiramente não possui, apenas e tão somente, para não destoar em meio a multidão.

 

Seja lá por vergonha, por pudor, por medo, por auto-suficiência, o que lá mais venha a ser, o ser humano não se mostra por inteiro e vai ao teatro com medo de enfrentar seus fantasmas. Felizes aqueles que encontram as máscaras do teatro e podem colocar para fora todos os seus bichos e ainda terem a oportunidade de desnudar o seu semelhante.

 

Não importa se é através da comédia ou da tragédia, somente o teatro é capaz desta coisa multifacetada que desmascara o ser humano com suas máscaras e mostra como cada um é. O teatro não é apenas uma arte qualquer e sim, uma arte que mostra o verdadeiro espelho do ser humano. As máscaras do teatro são as faces de cada ser humano preocupado em manter a sua aparência, mesmo que essa venha de encontro ao seu comportamento.

 

Que cada ser humano, quando for ao teatro, deixe sobre a sua cadeira, a sua máscara e saia do teatro disposto a viver a sua verdadeira vida, sem se importar com o que vão lhe dizer. Assim, devidamente desmascarado, renovado e exorcizado possa ser um ser humano mais verdadeiro, que não precise ir ao teatro e sentir medo de enfrentar os seus fantasmas.