Em nome da arte

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Quem anda de carro pelas ruas das cidades já viu, e não é só nas ruas das grandes capitais, não, onde tem trânsito, tem alguém vendendo alguma coisa no sinal. É bala, chiclete, caneta, cd e dvd pirata, uma infinidade de itens que se eu resolvesse escrever todos, tomaria todo o espaço deste artigo. Nada contra, afinal, cada um se vira como pode.

 

Só que agora, existem uma nova categoria que anda tomando conta dos sinais e que em nome da arte, fazem malabarismos, números de pirofagia, números de mágicas, se vestem até de palhaço, mas muitos deles só fazem palhaçada, isso sim, pois de artistas, eles não tem nada.

 

Não pode ser possível que alguns aproveitadores e desocupados, em busca de suas migalhas, tomem de assalto a arte e a desvalorizem assim, ainda mais uma arte tão nobre, como a arte do circo. Não basta pintar o rosto, colocar uma roupa colorida, fazer caras e bocas que, pronto, vira artista. Artista é algo maior. Não que o sinal não lhe seja um bom palco, mas lugar de um verdadeiro artista é o teatro, é o picadeiro.

 

É certo, que às vezes se faz necessário angariar fundos para montagem de alguns espetáculos, pois a falta de verba é sempre escassa, ainda mais quando se trata de teatro amador, então, se faz necessário recorrer aos sinais para vender quinquilharias, a fim de completar o orçamento para montagem. É uma pena que volta e meia isso tenha que acontece.

 

Mas o que se vê por aí, são pessoas travestidas de artistas, atrapalhando o trânsito, ás vezes até se valendo disso para assaltar o motorista, se colocando em nome da arte para obter recursos de uma forma simplista, tornando simplista a complexidade de ser de um artista. Artista de verdade, não troca a sua arte por migalhas no sinal. O artista não pode ver sua arte se nivelar de uma forma tão rasteira por gente que não sabe o verdadeiro sentido do ser artista.

 

Então, em nome da arte, não devemos nos comover por esses pseudo-artistas que buscam ludibriar a nossa atenção, distraindo nossas mentes com números desqualificados, de nenhuma habilidade e sem nenhuma arte. Em nome da arte, devemos prestigiar o artista em seu habitat natural, seja no palco, seja no picadeiro, ou até mesmo na rua e não entregar migalhas por micagens feitas enquanto o sinal permanece fechado por quem nem sabe o que faz.