O direito de quem escreve

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A vida do teatro realmente é mesmo muito dura, todos nós sabemos o quanto é difícil se manter única e exclusivamente de nossa arte, não é mesmo? Esse quadro é ainda pior para os dramaturgos, que via de regra, são relegados a um segundo plano, quase sempre sem nenhum reconhecimento.

Tal qual a montagem de um espetáculo, a criação de um texto também demanda muita dedicação por parte do dramaturgo, mas quando temos o texto ali, pronto para ser encenado, mal damos conta do trabalho que deve ter sido demandado para por um ponto final na história.

É claro, que quando falamos de teatro, passamos por um turbilhão de dificuldades, e é sabido que muitos, de uma forma amadora, fazem do teatro um dos poucos instrumentos de inclusão social para as camadas menos favorecidas da sociedade e necessitam do apoio dos dramaturgos e suas histórias, mas mesmos esses que fazem do teatro quase que um sacerdócio, tratam os dramaturgos com pouca importância, pois são raros aqueles que comunicam aos dramaturgos a intenção de utilização de seus textos.

Acho que todos fazem parte de um mesmo processo, tal qual os atores, os diretores, os iluminadores, os cenógrafos, os figurinistas, os dramaturgos também precisam figurar como parte integrante dos orçamentos para montagens dos espetáculos, e com isso, terem seus direitos reconhecidos.

É óbvio que quando se pensa em montar um espetáculo, a primeira coisa que se faz é procurar um bom texto, isto posto, começam as escolhas do elenco, cenários, figurinos, patrocinadores, mas quase sempre esquecem de falar com o dramaturgo. Então, eu pergunto: Onde fica o direito de quem escreve?

Pensando pelo lado prático das coisas, mesmo sabendo das dificuldades que são encontradas para colocar um espetáculo na estrada, a baixa freqüência de público, a falta de espaço para apresentações, é preciso pensar em uma forma de se respeitar os direitos vinculados ao dramaturgo.

Talvez nunca se encontre um denominador comum entre os que escrevem com os que atuam, mesmo que um necessite do outro. Porque afinal de contas, o texto de teatro enquanto obra escrita é apenas literatura e só passa a ser teatro quando vai para cima de um palco, mesmo assim, acho legítimo que seja respeitado o direito de quem escreve, pois o ator, bem ou mal, consegue ter um mínimo de retorno naquilo que faz, mesmo que esse mínimo seja apenas suficiente para a pizza após a apresentação.

Na minha opinião, o engrandecimento do teatro, bem como a sua popularidade, além de necessitar de muito apoio e incentivo, precisa sempre contar com diretores competentes, atores infinitamente talentosos e textos muito bem escritos pelos dramaturgos, para quem sabe assim um dia, todos possam conseguir a retribuição pelos seus esforços e empenhos, e serem devidamente remunerados.