No meio do caminho há sempre uma pedra

Os artistas têm fama de malucos por verem a sociedade por uma outra ótica. Realmente estudamos não apenas para obter uma vaga no mercado de trabalho; estudamos também para compreender às mazelas de nosso país, mas como isto não chega ao grande público a imagem que fica é o lado glamuroso da profissão.

Fala-se muito no chefe bravo, no encarregado estúpido, mas muitos diretores de teatro, coreógrafos e regentes, passam longe de ser uma candura de pessoa. Não são pessoas más, porém a busca pela perfeição, do melhor, do inédito faz com que a rotina dos artistas seja tão estressante quanto a de qualquer executivo.

Passos repetidos a exaustão, dias ensaiando a mesma cena. A nossa meta é o belo, o retorno financeiro na maioria das vezes fica em segundo plano. Até a cena ficar do jeito que o diretor quer é comum ouvimos gritos e mais gritos. A nossa jornada de trabalho é irregular, fim de semana não é dia de descanso, para os artistas sábado e domingo é dia útil. Recebemos criticas, quando digo critica é critica mesmo e não apenas um feedback construtivo.

Falando em feedback geralmente dos diretores ouvimos quando estiver ruim eu aviso ou depois de passar a mesma cena pela quinta vez ouvimos um “ ficou melhor”, ou seja, ainda não está bom. É claro que quando vem um elogio, instantaneamente esquecemos todas as dificuldades e compreendemos o porquê do método e recarregamos as nossas baterias para os próximos ensaios, próximos gritos, próximas critica e etc.