A rigidez da vida moderna que nos obriga a acompanhar, mesmo que ás vezes a contragosto, a velocidade do dia-a-dia e que nos torna cada vez mais isolados no meio da multidão de contatos e amigos e não amigos virtuais, que temos nas diversas redes sociais, nos afasta cada vez mais uns dos outros. Estamos sempre sem tempo para nada e muitos, acabam vendo a vida passar ao largo.
Estamos cada vez mais impacientes, mais intolerantes, mais desrespeitosos, mais egoístas e cada vez mais perdidos em meio as nossas vontades e anseios. Muitos, já esqueceram o lado bom da vida e só enxergam problemas, carregando no rosto uma aparência carrancuda e reclamam, reclamam e reclamam. Mas o que o teatro tem a ver com isso? Bem, vamos lá!
Não é de hoje que o teatro, uma das sete artes, é usado como o mais eficaz instrumento de representação da vida humana. É através do teatro que contamos as mazelas da humanidade, as comédias da vida alheia e pelo qual fazemos o ser humano colocar o pensamento em movimento para debater e questionar a sua verdadeira condição.
É fato que a maioria não dá ao teatro toda a importância que a grandeza desta arte merece. Penso ser por conta desta vida atribulada, onde os compromissos urgentes são maiores que os importantes, tornando as pessoas mais acomodadas com suas vidas minuciosamente planejadas e despreocupadas com o que os outros pensem ou possam pensar delas.
Na minha opinião, o teatro, e só o teatro, tem condições de fazer que reconheçamos as nossas imperfeições, pode até parecer loucura, mas o poder daquela caixa mágica é realmente extraordinário, e não apenas para quem faz uso da arte de interpretar, quem tem a oportunidade de experimentar a experiência de se deixar levar pelo lúdico do teatro, abre a mente para o mundo.
As pessoas precisam olhar para as artes de uma maneira geral, como algo que só tem a acrescentar às suas vidas, e o teatro com o seu poder lúdico, que faz qualquer um viajar em uma história que não seja a sua, que faz qualquer um rir de uma vida que não seja à sua e que faz qualquer um pensar melhor a sua vida, só pode fazer bem.
É por essas e por outras que o teatro sempre será lúdico e encantará que estiver disposto a enfrentar, desarmado, todas as suas faces, pois aquele que aceita se ver diante do espelho, com certeza, será um ser humano cada vez melhor e terá condições de transformar o mundo em que vive.
Mais um ano o reinado de Momo toma conta do país e de norte a sul, de leste a oeste, por toda parte, só se fala em carnaval. A descontração toma conta das pessoas que saem as ruas apenas para serem felizes. É mesmo impressionante o poder que esta manifestação popular, a maior do mundo, tem de transbor-dar pelas ruas, alegria e euforia.
Nesse período carnavalesco, tudo passa a ser secundário, teatro, cinema e até mesmo a televisão, acaba se rendendo e espremendo sua grade de programação para transmitir a folia dos quatro cantos do país. E não adianta torcer o nariz que tudo lhe fará lembrar que estamos em pleno carnaval. Goste você ou não, a prioridade é informar tudo sobre a maior festa popular.
E essa festa, mesmo parecendo só ter lugar para alegria e descontração, tem outros lados, que quem só pensa em brincar e extravasar, ás vezes nem percebe. Tem o lado que enaltece e divulga a cultura do país, mostrando a diversidade cultural de um país continental como o nosso. É frevo, é maracatu, é boi bumba, é jongo, é afoxé, o samba, e outros tantos, uma variedade de ritmos e danças, de encantar qualquer um, até os que dizem não gostar. Duvido que ninguém nunca se sacudiu a som de algum desses ritmos!
Tem também o lado empreendedor e industrial, pois para realização da festa, pequenas indústrias se formam em cada canto do país, recrutando milhares de trabalhadores e profissionais que constroem as estruturas que servem de base para toda essa grande folia. O carnaval, talvez seja, dentro do segmento cultural, aquele que mais gera emprego e o que oferece a maior diversidade de mão de obra qualificada e não qualificada.
Tem ainda o lado financeiro e econômico, pois o carnaval, seja lá onde ele esteja acontecendo, movimenta uma enorme quantia de dinheiro e faz a economia local e do país prosperar. Talvez não haja no país, nenhum evento a altura desta festa popular que arrecade tanto em tão pouco tempo. São vários os segmentos que se beneficiam com este evento cultural e para o bem da saúde econômica e financeira do país, apoiar, divulgar e incentivar o carnaval sempre fará bem a todo mundo, até mesmo para quem não gosta de carnaval.
Então, rendemo-nos a esta grandiosa manifestação popular chamada carnaval, que invade as ruas dos quatro cantos deste país e se torna o acontecimento mais importante durante quatro dias, trazendo festa e alegria. Um festa de muita importância, que mesmo aqueles que a acham apenas mundana e de apelo sexual, servindo tão somente para proliferar vícios, não tem como negar, pois o carnaval contribui tanto economicamente, quanto culturalmente e como um grande evento de entretenimento.
Bem, para aqueles que são loucos por carnaval, que brinquem, extravasem e aproveitem até o dia de rasgar a fantasia, sempre com muita responsabilidade. E para aqueles que não querem nem ouvir falar desta festa, um bom descanso, uma boa leitura, ou um bom filme, enfim, uma boa diversão.
Está cada vez mais difícil convencer as crianças, que cheias de informação e mergulhadas num oceano de tecnologia, se distanciam mais e mais das brincadeiras de faz de conta. Hoje entretê-las com a magia de uma história não é tarefa das mais fáceis. Antenadas nas novidades tecnológicas, são poucas às que se deixam seduzir por um pouco de fantasia. Mas no fundo, toda criança, ainda que sozinha em seu quarto, brinca de casinha, conversa com a boneca, e se menino, pilota velozmente o seu carrinho.
Mas a criança de hoje em dia, gosta ou não gosta do faz de conta? Hoje e sempre. Criança que é criança, sempre vai viajar na fantasia de uma bela história. Talvez, a maneira de se colocar, ou de transmitir o seu faz de conta, é que seja o grande problema, principalmente em alguns espetáculos infantis, que ainda insistem em tratar criança como um ser não pensante e, ao invés de levar magia e fantasia, as aborrecem, que incomodadas em suas cadeiras, não param quietas e não viajam no faz de conta.
Fazer a realidade parecer uma fantasia e usar elementos de conhecimento da criança, devem ser levados em consideração na hora de escrever uma história, e a construção de uma história que estimule a perspicácia da criança, ou que a coloque em posição de igualdade com a personagem, pode facilitar a aceitação e o seu embarque no seu faz de conta. Essa brincadeira com o imaginário deve sempre ser estimulada.
Mesmo que a criança se mostre reticente quanto a se envolver no faz de conta, ás vezes por conta de outras crianças, ou por querer se mostrar mais crescida do que já é, atores e atrizes precisam usar de todo os seus talentos para chamar a atenção da criança e fazê-la se envolver na magia e na fantasia. Quem faz de conta que interpreta, não consegue convencer a criança de como é bom brincar de faz de conta.
Mais e mais fica claro que tratar criança de qualquer jeito, não faz sucesso e nem dá ibope. Criança quer se sentir importante e, de fato, ela é importante. E quando você consegue trazer a criança para viajar no mundo da magia, da fantasia, do faz de conta, você encontra a verdadeira pureza do que é ser criança, tanto, que até você se esquece de seus padrões de comportamento e também embarca de corpo e alma na brincadeira.
Então, se você quer saber quem quer faz de conta? Eu lhe digo: Toda criança quer faz de conta, mesmo que muitas sempre insistam em não querer. E quem faz de conta que criança não dá importância às brincadeiras de faz de conta, nem imagina o que está perdendo. Pois, mesmo com toda informação e toda a dificuldade em convencer uma criança a embarcar numa boa e velha viagem do faz de conta, quem tenta, saberá o quanto esse esforço, vale a pena.
De uns tempos pra cá sempre que eu penso em escrever alguma nova história, um bichinho fica me azucrinando no ouvido: – Cuidado para não ser clichê? – Olha lá, acho que isso é clichê?– Nossa! Isso está muito clichê! Mas como não ser clichê? Não sei se esse bichinho azucrina os ouvidos de meus colegas militantes da escrita, mas só sei que de tanto ele me azucrinar os ouvidos, resolvi escrever este artigo. Dizem que quando a gente fala do problema, mais fácil fica para resolvê-lo, não é mesmo?
Então, para começar, vou logo atacando o eixo do meu problema: eu não consigo entender muito bem, qual o problema de ser ou não ser clichê. Se o público se identificar com o que eu escrevo, se a história, mesmo mostrando um lugar comum já trilhado outras tantas vezes, seduzir as pessoas, que mal tem? Por acaso o óbvio é um caminho proibido?
Dizem que usar o que outros tantos já usaram é falta de criatividade, deixa o seu texto mais pobre, não acrescenta nada, e blábláblá, blábláblá, mas agora me expliquem uma coisa: Quer coisa mais clichê de que uma novela? E qual o problema? A estrutura melodramática das novelas acaba levando para algumas situações clichês, não há como fugir. E só por isso, seus atores são menores, ou piores? E por que apesar de ser clichê, o povo vê?
Vejam só quantos questionamentos esse bichinho que fica me azucrinando as idéias não consegue me responder? Acho que tudo isso passa pela questão do gosto pessoal de cada um. Se eu gosto do jeito que o autor conta a sua história, mesmo que ele trilhe caminhos já conhecidos, eu vou prestigiá-lo. E se ele usa a sua criatividade para, mesmo se utilizando de clichês, contar a sua história? É, realmente não devo dar muito ouvidos para esse bichinho, viu?
O engraçado, é que quando comecei a escrever, nem dava bola para esse tipo de preocupação, aliás, nem ligava, ou melhor, nem pensava nisso, escrevia a minha história, do jeito que eu achava que ela deveria ser e pronto. Por que agora vou me incomodar com isso? Será que por ter a certeza que só as gavetas leriam as minhas histórias, esse bichinho não me dava o ar da sua graça? Ai, ai, ai, ai, ai! Pode ser isso! Será?
É, parece que vou ter que aprender a conviver com esse bichinho que azucrina os meus ouvidos, ou melhor, aprender a ignorá-lo, pois diante de tantos questionamentos, dúvidas e exemplos de que ser clichê na verdade não quer dizer que o seu texto seja ruim ou bom, vou optar em permanecer fiel ao meu estilo de escrever. E se um dia, assim por um acaso, uma hora ou outro, eu for clichê, paciência!
Hoje vivemos tempos de globalização, da velocidade de informações, de altas tecnologias, a vida passa tão rápida que mais parece um vídeo-clipe e com tanta velocidade, as palavras são escritas de forma abreviadas, ás vezes de uma forma quase indecifrável para quem não está familiarizado com a línguagem digital. Um perigo para quem quer escritor.
Com tantos vícios adquiridos com a velocidade digital, o português acaba ficando de lado. Escrever corretamente é um bicho de sete cabeças para alguns. Mas, como escrever sem dominar a língua pátria? Por mais velocidade que haja nesta chamada era digital, a busca pela eficiência para quem quer se tornar um escritor, passa, mais do que nunca, pelo conhecimento pleno da língua. Esse é o primeiro passo para quem quer escrever.
Muitos possuem grandes idéias, imaginam seqüências surpreendentes, mas, muitas vezes, acabam empacando na questão do roteiro. Embora uns até dominem as técnicas de formatar um roteiro, a questão do português, acaba pre-judicando todo projeto. E por que isso acontece? Preguiça!
Mesmo se utilizando de tantas tecnologias, a maioria prefere ficar horas e horas em frente ao computador, jogando, assistindo vídeos, conversando nas redes de relacionamentos, mas são incapazes de perder alguns minutos por dia na companhia de um bom livro, ou ainda estudo e conhecendo o português. Assim, fica difícil quando se quer colocar em prática uma idéia que se tenha.
Como tudo na vida, seja lá em que profissão for, a busca pela eficiência é indispensável para um bom profissional, por isso, quem quer um dia escrever histórias, uma hora ou outra, vai ter de pôr a preguiça de lado e se debruçar sobre os livros e aprender como se faz para escrever o mais correto possível. É claro que, ás vezes, as características de um personagem vão lhe permitir o uso coloquial da língua, mas isso vai ficar para uma outra oportunidade.
O que se deve ter em mente é que se realmente se quer enveredar pelos caminhos da escrita, há de se buscar a eficiência nas regras de nossa língua, pois ela não é fácil, e, por mais que se busca a eficiência, uma hora ou outra, a gente sempre acaba escorregando, e isso não é legal. Nem para você e nem para o seu leitor. E isso é uma coisa que muito me preocupa.
Bom, agora que já dividi essa minha preocupação com vocês, deixe-me voltar aos livros, pois a arte de escrever é cheia de armadilhas e o domínio da língua não é uma coisa nada fácil. Ah, se por acaso alguém perceber algum erro neste artigo que acabei de escrever, queira me desculpar, ainda estou em busca da eficiência.