Como ficar alheio ao forte crescimento das redes sociais? Hoje em dia não tem quem não conheça alguém que não faça parte de pelo menos uma das redes sociais existentes. O conceito de se relacionar nos dias de hoje, passa necessariamente por uma dessas redes sociais e, muito do que acontece fisicamente na vida das pessoas, tem ou teve o seu início, em uma delas.
Estar fora de uma dessas redes é como ser um peixe fora d’água, e isso parece ser um fato consumado, pois o poder de alcance que tem essas redes sociais é enorme e quem tem algo a oferecer, não pode deixar de explorá-las, por isso, que as artes fizeram dessas redes o seu maior veículo de divulgação, promoção, troca de experiências e rede de contatos.
Desde os primeiros passos das ferramentas da internet que possibilitavam a divulgação de seu talento por meio de redes sociais, que os músicos se lançaram na rede e expuseram sua arte, levando o seu “som” até o seu público-alvo. E quantos músicos não se tornaram sucesso tendo as redes sociais como grande aliada?
Hoje já é possível bem mais do que disponibilizar músicas para serem baixadas pela rede. Hoje é possível disponibilizar além das músicas, o show, a peça de teatro, o filme, e até mesmo se alto promover, mostrando ao mundo, todo o seu talento. O artista nunca teve tantas formas de demonstrar a sua arte, como tem hoje em dia.
Muito embora ainda haja quem torça o nariz para toda a exposição que muitos fazem por todas essas redes, a facilidade que elas trouxeram às artes, é imensurável. Tanto que foi graças á essas tantas redes sociais que fiz os meus textos conhecidos em todo país e no exterior, tendo vários deles montados em várias cidades do país, além de Portugal e República de Cabo Verde.
Hoje, as redes sociais, tem uma grande importância para mim, pois permite que eu mostre às pessoas um pouco do que faço. É através delas que divulgo o meu trabalho de dramaturgo, roteirista e escritor, que disponibilizo os meus textos para “downloads”, que coloco os meus artigos e pensamentos ao julgamento das pessoas e que estreito laços com outros profissionais, trocando conhecimento e experiências.
Do início do século, aonde meus textos não iam além das minhas gavetas, até os dias de hoje, muita coisa mudou em mim, na minha forma de escrever, na forma de divulgar o meu trabalho e muito disso, devo ás redes sócias. Então, quem quiser conhecer um pouco mais do meu trabalho, pode acessar o meu blog http://psacaldassy.wordpress.com, ou me adicionar no “orkut”, ou no ‘facebook’, ou ainda, para aqueles que quiserem, me seguir no ‘twitter’.
Diante dos artigos publicados aqui no Oficina de Teatro e a vasta informação que eles transmitem, posso dizer-lhes que aplico na vida pessoal e na minha pequena Cia de Teatro Amador. E por falar em teatro amador, já li aqui vários artigos que falam sobre isso, seu valor não reconhecido, a escassez de dinheiro entre outros obstáculos.
Há seis anos iniciamos (digo iniciamos porque são três os responsáveis pela Cia desde então) um trabalho teatral na cidade de São João da Boa Vista, interior de São Paulo e não é crítica, mas levar o público para o teatro em minha cidade é uma missão quase impossível, portanto sempre produzimos comédia. Nossas técnicas ainda primárias vão sendo aprimoradas através de workshops, palestras, o Projeto Ademar Guerra muito conhecido no Estado de São Paulo, o Festival de teatro que acontece sempre no mês de agosto de cada ano com a presença de jurados que criticam, elogiam, trazem idéias e fornecem material de pesquisa para os grupos participantes e claro, a necessária prática, se é que esta nos leva realmente a perfeição.
Como amante da arte, minha preocupação é sempre levar para o palco comédias inteligentes sem a necessidade de usar palavrões que automaticamente arrancam risadas da platéia.
Neste mês, exatamente no dia vinte e três fazemos seis anos e o problema principal além de tantos outros que conhecemos de um grupo amador é a falta de comprometimento dos atores. Com o tempo descobrimos que muitos entram na Cia para aparecer, exibir um talento circense ou para perder a timidez, tem ainda aqueles que entram porque a mãe ou pai viram nosso trabalho e pedem para que o filho freqüente nossos ensaios e muitos outros motivos que acabam desestruturando o elenco.
Isso me entristece porque fico o ano todo pesquisando outras peças e me inspirando para escrever algo teatralmente decente. Quando chega à época que iniciamos o próximo projeto do ano, todos estão animados, fazem testes e aquele ator fica com a responsabilidade de interpretar tal personagem. Teoricamente é isso que deveria acontecer, mas faltando três meses para a estréia ele chega e diz que foi promovido no trabalho e que de agora em diante não poderá mais comparecer aos ensaios. Outras desculpas também são declaradas como “o namorado não deixa mais”, “minha mãe não pode mais ficar sozinha” e “não estou tendo tempo para nada”.
Respiro fundo, restam sete integrantes que ainda levam a sério e é preciso remanejar, alterar texto de uma forma geral e se adequar ao elenco restante. Nessa hora também é injetada altas doses de criatividade, coisa que diga se de passagem nada difícil para um ator e finalmente aquela lacuna é preenchida.
Tudo tem o lado bom e ruim e a melhor parte é que nestes anos nunca cancelamos sequer uma apresentação por causa desses faltosos e irresponsáveis para com a arte, afinal, ela deve ser levada a frente e nosso trabalho tem que continuar.
E mudando de assunto, espero que eu não tenha saído tão mal em meu primeiro artigo.
Coelho De Moraes
O espírito livre é arrojado: enfrentará a possibilidade de naufrágio de sua fantasia, mas é de fantasia que falamos e de apresentação dessa fantasia sobre palco, endereçada para muita gente que assiste e corre o risco de bater palmas – TEATRO. O ensaio de cada peça, de cada rotina, de cada cena ou detalhe retoma o ócio infantil e o entusiasmo pela repetição que leva ao caminho da perfeição, - nunca alcançada. Condição de espelho o Teatro é o reflexo da platéia que se olha, havendo mudanças e alteridades. Como o poeta efebo que goza a influência do mestre, mesmo que este lhe passe a mão várias vezes com o mesmo gozo – sinais de bênçãos? - até encontrar a liberdade de sua letra e de sua obra e de seu expressar, e viver a angústia final cuja influência é a de não poder não escrever: transforma-se em autor singular. O ensaio termina quando encontra o fim, a exaustão, quando é abandonado, pois se estanca para não prosseguir no que está dizendo, sendo esta a hora de uma alteridade anônima verificar sua demonstração. O fim do dia não é fim de ensaio. Mas apenas parte do fim. O fim do ensaio é quando traz a exaustão intelectual, ou emocional, ou espiritual. Momento raro. A exaustão física não traz nada. Traz a cama, talvez.
O ensaio reflete, não contenta, não classifica. O ator, o dramaturgo, o encenador, a atriz, possuem inteligência desviada: deliram e inventam coisas onde nada há. Pura subjeção. É a ficção que lhes serve de sangue, de linfa, de suor, de adrenalina, buscando o domínio da invenção, da criatividade diante do já feito, já visto, e também do nunca tentado. Uma espécie de beira do abismo. Reúne, portanto, o ser humano de fatos da ciência com o ser humano aéreo da poesia. O deus da tecnologia, sei lá quem é, com Orfeo e sua lira. Aceitam o terror da proibição de dizer além do já dito (ADORNO, 1965). O ensaio possui uma autonomia estética, - para quem consegue lapidá-lo, - e desconfia do modelo canônico e positivista de conteúdo. A máxima que surge é aquela de se ouvir que não importa a história mas o modo como ela foi contada. Vale a voz da atriz e do ator. Valem seus movimentos e seus corpos ocupando espaços impensados. A história será secundária. Às vezes tem que ter história pois o aprendiz de ator não acha que faz teatro de usar uma roupa grega, por exemplo. A consistência não brota da retirada do sujeito dramaturgo da equação, de sua supressão em favor da quimérica neutralidade literária; a consistência brota de sua inclusão e revela um autor na opacidade, ilustrando as cenas como espírito criador à distância, na pior das hipóteses; ou, na melhor das hipóteses, um autor cuja clareza é cortesia de gênio.
Para quem participa ativamente dos ensaios, autônomo na estética, não existe imposição da forma tradicional, mas somente aquela do espírito poético literário dogmático e obstinado. Como na literatura de Proust, traz-se à tona a sensibilidade do escritor/dramaturgo que vai além da arte e é capaz de enunciar conhecimentos profundos e sólidos sobre o ser humano e sua posição no universo.
Pensemos com Freud: o escritor/dramaturgo, sua sensibilidade, possui a coragem de deixar falar o inconsciente (a obra de arte é uma confissão do autor/dramaturgo, exposição de alma, explosão de espírito); capacidade de perceber pulsões ocultas no espírito das coisas e das pessoas outras que lhe são reflexo.
Os escritores/dramaturgos desejam proporcionar prazer estético e intelectual através de efeitos emocionais. Não podem re-produzir a matéria da realidade sem modificá-la. É necessária a transcrição, a adaptação, a alteração de sentidos quando se trata de peça que tem 500, 200, 10 anos de idade. Tudo deve mudar. O texto não pode ser intocado. Não pode haver direito autoral sobre coisa inspirada na realidade de terceiros. A ficção é audaciosa: mas a renúncia ao princípio do prazer (Freud cita sobre a ciência como sua mais radical representante) é relativizada na forma do ensaio, da repetição :- toda ficção deverá ser corrigida pelo diálogo com a alteridade. E alteridade é princípio de realidade. O outro é o dono do direito autoral e não quem retirou dali as letras do texto.
Em provisória análise, o ensaio deve romper com a tradição de impor percurso de aquisição de conhecimentos. Atrizes e atores não podem temer desafios, pois desafios é o que mais há nessa profissão. Atriz e ator buscam a complexidade de um autor/dramaturgo, de um tema. O ensaio não tolera o engodo de que para entender o complexo é preciso primeiro cortejar o simples. O ensaio é como a vida: sempre inconclusivo para o seu autor/dramaturgo/encenador, pois no dia da morte, no dia da estréia, apenas os que ficarem poderão falar do que restou, enquanto o autor/dramaturgo/encenador jamais poderá extrair aprendizagem da vivência radical e derradeira que é galardão de atrizes e atores.
Enquanto se vive, se pode ensaiar. Mas, o espetáculo é, também, uma forma de ensaio e não haverá outra chance para cada ato, cada cena - o autor é ator de um drama singular, inadiável e intransferível que lhe compete na escrita e na criação das ligações perigosas.
É amarrar a alma numa âncora, deixar longa corrente, e lançá-la no palco.
Por mais que procurem não dar importância e, às vezes, até menosprezar o teatro feito de forma amadora, é preciso deixar claro que se comete a maior das injustiças, pois é justamente entre os amadores, que a arte de fazer de Teatro, respira e se revigora dia-a-dia. É no Teatro amador que a arte se preserva e onde se é capaz de ver brotar novos atores de verdade.
Porque é no teatro amador que se vive de fato, toda a dificuldade que se tem para colocar um espetáculo em cartaz, a necessidade de se custear a produção, de viabilizar a montagem, muitas vezes com recursos ínfimos e escassos e compartilhados pelos integrantes do grupo. E é no teatro amador que se aprende a abdicar da própria vida em favor da arte.
Não podemos renegar, diminuir, ou até mesmo desdenhar de quem faz teatro de uma forma amadora devemos sim, louvá-los, pois, todos eles, são desprendidos de quaisquer outros valores, e, levam muito mais em conta a coisa artística do que o lado financeiro, e, em nome do teatro, preocupam-se apenas em mostrar a grandeza na arte de interpretar, esperando apenas alguns sinceros aplausos.
Muito me entristece quando desqualificam e diminuem os esforços destes “dom quixotes” do teatro, pois não leva-se em conta, nem mesmo a boa intenção de mostrar a arte do Teatro. É claro que muitos tem defeitos e mostram deficiência nas suas apresentações, mas, precisamos aprender a enxergar em cada uma dessas apresentações, a semente do teatro germinado, que, por certo, mante-rará viva a cultura teatral.
Seja na escola, na igreja, na associação de classe, a iniciativa de levar a arte do teatro para as pessoas, deve ser respeitada, pois, mesmo que não haja a mesma qualidade que se espera e que se encontra em produções de quem vive da arte do Teatro, a intenção de preservar a magia que a arte de interpretar desperta nas pessoas, precisa ser levada em conta.
Somente com a preservação do Teatro amador, onde se planta a semente do fazer teatral, que o Teatro sobreviverá. Quem achar que a má qualidade de quem produz teatro de forma amadora pode contribuir para a desvalorização da arte, pode estar comentando um grande equívoco, pois, que atire a primeira pedra, aquele que hoje é um artista famoso, que no início de sua carreira, não fez parte de um grupo amador.
O Teatro amador precisa ser respeitado e incentivado, ao invés de ser desqualificado e desprestigiado. Quem sabe, a contribuição dos que hoje já são unanimidades do meio teatral, não venha fortalecer e fazer com que o Teatro Amador continue sendo o grande celeiro de novos talentos do teatro nacional?
Muitos atores clamam por oportunidades para demonstrarem os seus talentos, mas quase sempre se sentem frustrados ao saírem dos testes ou de ensaios. O que lhes acontece? A soberba por se achar auto-suficiente e perfeitamente capaz de encarar qualquer papel, desde que este seja de certo destaque, pode ter o atrapalhado? Pode sim! Mas, e se ele tem a humilde suficiente para reconhecer que está sempre aprendendo, o que lhe faltou?
Anos de estudos e preparo, talento nato, desprendimento e desenvoltura, talvez realmente não sejam suficientes para ganhar um papel, talvez o que lhes falte é uma coisa bem mais simples que possa parecer. Falta-lhes a intensidade. Aprendi que nas artes cênicas, tudo que está em cena tem importância e contribui para o desenvolvimento da história, mesmo que isso seja uma árvore e esta árvore seja eu.
Encarar com intensidade a cena, como se ela fosse a última cena da sua vida, mesmo que seja apenas a primeira, pode fazer a diferença na hora de se escolhido. A superficialidade que muitas vezes é dada ao personagem que se faz, deixa claro, que por mais talento, desenvoltura e desprendimento que a pessoa tenha, se ela não for intensa, será apenas mais uma querendo mostrar que pode ser artista.
Embora as artes cênicas seja a arte do faz-de-conta, um ator jamais pode brincar de faz-de-conta quando está em cena. Não importa qual o tamanho de seu papel, se tem ou não alguma fala, o que importa é que se ele está ali, dentro daquela história é porque ele tem importância para história. Nunca desdenhe das oportunidades, pois nas artes cênicas não existe papel pequeno.
Aquele que se sente inferiorizado, ou ainda se “acha” muito maior que o papel que lhes querem dar e não o aceita, precisa rever os seus conceitos sobre a arte que pratica. Precisa aprender que fazer o seu papel com intensidade o fará ser notado, e quem sabe assim, não tenha o seu talento reconhecido e, então, seja chamado para um outro papel de maior destaque numa outra história?
São através de chances pequenas, papéis de menores destaques nas histórias, que os grandes atores abocanham suas oportunidades, pois vivem cada chance com toda a intensidade, como se lhes fossem dada, a última oportunidade para mostrar que podem sim, serem artistas de verdade. Por isso, se você quer mesmo se ator ou atriz, prestem atenção nas chances que lhe são dadas e encare cada oportunidade com toda a sua intensidade.
Os anos eram de chumbo, vivia-se uma ditadura violenta, a censura calava qualquer tentativa de manifestação contrária ao regime, mas apesar disso tudo, ainda havia quem pregasse a paz, o amor, buscasse a união em comunidade. e o artista, reunido em grupos, tinha a coragem de ousar, provocar, contestar e enfrentar àqueles que tentavam calá-lo. Por onde anda a ousadia do artista?
Hoje vivemos tempos de plena democracia, mas, uma ditadura velada, com uma censura tão ou mais ferrenha de que outrora, nos vigia com olhos de doberman e, além disso tudo, não existe mais respeito com as diferenças, busca-se sempre o conflito ao invés da conciliação, e o indivíduo se tornou mais importante que a comunidade, vivendo por status e poder. Por onde anda a ousadia do artista?
Outrora o artista provocava a sociedade careta e covarde que se escondia por trás de uma ditadura, hoje, o artista se esconde dos caretas desta sociedade politicamente correta. Por onde anda a ousadia do artista? Até quando o artista vai agüentar calado que falsos moralistas determinem e calem a manifestação artística? Logo o artista, que sempre andou a frente de seu tempo, não pode entregar os pontos assim, tão calmamente.
Já está mais do que na hora de ousar, provocar, cutucar, tirar a máscara desta sociedade que prega uma coisa e nos porões de suas vidinhas medíocres, prega justamente o contrário. O artista precisa ser a voz, a força para desmascar essa hipocrisia que nos ronda. A criatividade do artista tem de ser a arma contra tudo isso que vivemos hoje em dia. Retomemos a provocação, a ousadia de enfrentar os “nãos” da sociedade e vomitemos sobre ela, todo o nosso amor pela vida.
Não é possível, que pessoas de almas vazias, preocupadas em tecnologia e no seu próprio bem estar, levantem bandeiras contra tudo aquilo que vai de encontro ao que eles não querem ver exposto. Não é possível, que pessoas de comportamento reacionário, preocupadas em ganhar dinheiro e no que deixarão de ganhar por certos comportamentos, venham interferir na criatividade do artista.
O artista sempre se posicionou contra a caretice social, contra os bons costumes de uma sociedade hipócrita, sempre andou na contramão do que seria o certo para a maioria, por que, de uma hora para outra, perdeu sua ousadia? Por que tanto medo de enfrentar os reacionários desta sociedade careta e covarde de hoje em dia? O artista pode mais do que eles, pois só o artista é capaz de mostrar exatamente como eles são.
Ou o artista sai de trás de suas trincheiras e volta a provocar, a ousar, a contestar, a cutucar e a incomodar de fato essa sociedade careta e covarde que se esconde atrás do chamado politicamente correto, ou vai ser apenas encarado como um passatempo e uma diversão para aliviar o estresse desses hipócritas após mais um dia de trabalho.