Por que se faz plágio? Incompetência? Ignorância? Para ter um momento de fama? Ou por pura sem-vergonhice mesmo? O que leva alguém a copiar, manipular e usurpar a obra alheia para seu bel prazer? E os grupos que se prestam a compartilhar obras plagiadas, o que pensar deles? Talvez a certeza da impunidade contribua para isso, talvez!
Hoje em dia, se faz plágio de tudo, é de poesia, de artigos, de partes de livros, de textos de teatro, até de notícias existem quem tome os créditos para si. Não vai demorar muito e logo veremos alguns espertalhões fazendo plágio de bulas de remédios, se é que já não existe. Pra quê? Por quê? Será que não seria muito mais inteligente contatar o autor da obra? Tudo é tão simples, com tantas redes sociais não seria uma tarefa assim tão difícil.
Pois me digam: Qual o autor que não gostaria de ver seu texto publicado, sua peça encenada, seu filme rodado, sua opinião divulgada, sua música tocada? Até onde eu sei, nenhum autor escreve para deixar seus textos no fundo de uma gaveta ou escondido num canto de seu HD, embora eu já tenha feito isso. Mas isso é assunto para outro dia.
Pessoas que se utilizam do artifício do plágio para se colocar no mundo das artes, acabam ficando pelo caminho, quiçá na primeira esquina, pois plagiar uma obra é como querer copiar uma alma, e isso, por mais que se tente, não se consegue. É fácil copiar palavras, ás vezes, até trocá-las, mas copiar o que elas significam, jamais!
Quem pensa que fazendo plágio vai conquistar algum respeito, duvido que sim. Podem manipular, copiar, refazer, e até ganhar dinheiro com a obra alheia, mas nada disso vai apagar a marca pessoal de quem escreveu aquela obra, porque elas estarão lá, feito digitais.
Lamento profundamente com quem pensa que agindo assim, consegue ou conseguirá enganar alguém, engana-se a si mesmo, pois tudo o fará crer que se é o maior entre os maiores, mas que na realidade, não passará de um simples boçal. Escrever é talento, é trabalho, é construir com palavras o que cada alma tem a dizer, e não há plágio capaz disso.
O máximo que um plágio pode alcançar é um processo de indenização e manchas que macularão para sempre, a carreira de quem um dia pensou em ser um grande escritor.
A rigidez da vida moderna que nos obriga a acompanhar, mesmo que ás vezes a contragosto, a velocidade do dia-a-dia e que nos torna cada vez mais isolados no meio da multidão de contatos e amigos e não amigos virtuais, que temos nas diversas redes sociais, nos afasta cada vez mais uns dos outros. Estamos sempre sem tempo para nada e muitos, acabam vendo a vida passar ao largo.
Estamos cada vez mais impacientes, mais intolerantes, mais desrespeitosos, mais egoístas e cada vez mais perdidos em meio as nossas vontades e anseios. Muitos, já esqueceram o lado bom da vida e só enxergam problemas, carregando no rosto uma aparência carrancuda e reclamam, reclamam e reclamam. Mas o que o teatro tem a ver com isso? Bem, vamos lá!
Não é de hoje que o teatro, uma das sete artes, é usado como o mais eficaz instrumento de representação da vida humana. É através do teatro que contamos as mazelas da humanidade, as comédias da vida alheia e pelo qual fazemos o ser humano colocar o pensamento em movimento para debater e questionar a sua verdadeira condição.
É fato que a maioria não dá ao teatro toda a importância que a grandeza desta arte merece. Penso ser por conta desta vida atribulada, onde os compromissos urgentes são maiores que os importantes, tornando as pessoas mais acomodadas com suas vidas minuciosamente planejadas e despreocupadas com o que os outros pensem ou possam pensar delas.
Na minha opinião, o teatro, e só o teatro, tem condições de fazer que reconheçamos as nossas imperfeições, pode até parecer loucura, mas o poder daquela caixa mágica é realmente extraordinário, e não apenas para quem faz uso da arte de interpretar, quem tem a oportunidade de experimentar a experiência de se deixar levar pelo lúdico do teatro, abre a mente para o mundo.
As pessoas precisam olhar para as artes de uma maneira geral, como algo que só tem a acrescentar às suas vidas, e o teatro com o seu poder lúdico, que faz qualquer um viajar em uma história que não seja a sua, que faz qualquer um rir de uma vida que não seja à sua e que faz qualquer um pensar melhor a sua vida, só pode fazer bem.
É por essas e por outras que o teatro sempre será lúdico e encantará que estiver disposto a enfrentar, desarmado, todas as suas faces, pois aquele que aceita se ver diante do espelho, com certeza, será um ser humano cada vez melhor e terá condições de transformar o mundo em que vive.
Estão abertas as inscrições para os workshops A Verdade em Cena (com Denise Weinberg) e "O Jogo com a Peça Didática de Bertold Brecht" (com Ingrid Dormien Koudela e Swantje Nölke), como parte da Mostra Experimentos 2011 do TUSP (Teatro da Universidade de São Paulo)
As inscrições podem ser feitas mediante envio de currículo resumido e carta de interesse, pelo e-mail tuspmkt@usp.br (assunto: Workshop Mostra Experimentos - Inscrição), especificando o workshop de seu interesse. Serão 25 vagas por workshop.
O período de inscrição vai até o dia 31 de março e a lista dos selecionados será divulgada no blog e no site do TUSP na semana anterior ao início do primeiro workshop.
A Verdade em Cena com Denise Weinberg
11.04 a 15.04, das 10h às 13h
O workshop A Verdade em Cena pretende focar o trabalho do ator com a palavra, criando um comportamento crível de uma pessoa que tem aqueles pensamentos e aquelas palavras na boca, para que possam ser vistas como um ser humano qualquer e não como um ator representando um personagem. Atriz e diretora, Denise Weinberg é fundadora do Grupo Tapa, professora da Escola Livre de Teatro de Santo André
O Jogo com a Peça Didática de Bertolt Brecht Segunda e terça-feira – Swantje Nölke Quarta a sexta-feira – Ingrid Dormien Koudela
25.04 a 29.04, das 10h às 13h
Ingrid Dormien Koudela é autora, tradutora, livre-docente pela Universidade de São Paulo e uma das figuras centrais no estudo da didática do teatro e uma das principais difusora do sistema de jogos teatrais no Brasil.
Swantje Nölke é docente na Universidade de Hannover, membro da Associação de Pedagogia do Teatro na Alemanha, pesquisadora do teatro na pós-modernidade e trabalha em diversos projetos como dramaturgista e pedagoga de teatro.
Teoria em Debate
Encontros com pesquisadores para discussão de aspectos da cena contemporânea.
06.04, das 10h às 13h. Com José Fernando Peixoto Azevedo.
07.04, das 10h às 13h. Com Cassiano Sydow Quilicci.
Mais um ano o reinado de Momo toma conta do país e de norte a sul, de leste a oeste, por toda parte, só se fala em carnaval. A descontração toma conta das pessoas que saem as ruas apenas para serem felizes. É mesmo impressionante o poder que esta manifestação popular, a maior do mundo, tem de transbor-dar pelas ruas, alegria e euforia.
Nesse período carnavalesco, tudo passa a ser secundário, teatro, cinema e até mesmo a televisão, acaba se rendendo e espremendo sua grade de programação para transmitir a folia dos quatro cantos do país. E não adianta torcer o nariz que tudo lhe fará lembrar que estamos em pleno carnaval. Goste você ou não, a prioridade é informar tudo sobre a maior festa popular.
E essa festa, mesmo parecendo só ter lugar para alegria e descontração, tem outros lados, que quem só pensa em brincar e extravasar, ás vezes nem percebe. Tem o lado que enaltece e divulga a cultura do país, mostrando a diversidade cultural de um país continental como o nosso. É frevo, é maracatu, é boi bumba, é jongo, é afoxé, o samba, e outros tantos, uma variedade de ritmos e danças, de encantar qualquer um, até os que dizem não gostar. Duvido que ninguém nunca se sacudiu a som de algum desses ritmos!
Tem também o lado empreendedor e industrial, pois para realização da festa, pequenas indústrias se formam em cada canto do país, recrutando milhares de trabalhadores e profissionais que constroem as estruturas que servem de base para toda essa grande folia. O carnaval, talvez seja, dentro do segmento cultural, aquele que mais gera emprego e o que oferece a maior diversidade de mão de obra qualificada e não qualificada.
Tem ainda o lado financeiro e econômico, pois o carnaval, seja lá onde ele esteja acontecendo, movimenta uma enorme quantia de dinheiro e faz a economia local e do país prosperar. Talvez não haja no país, nenhum evento a altura desta festa popular que arrecade tanto em tão pouco tempo. São vários os segmentos que se beneficiam com este evento cultural e para o bem da saúde econômica e financeira do país, apoiar, divulgar e incentivar o carnaval sempre fará bem a todo mundo, até mesmo para quem não gosta de carnaval.
Então, rendemo-nos a esta grandiosa manifestação popular chamada carnaval, que invade as ruas dos quatro cantos deste país e se torna o acontecimento mais importante durante quatro dias, trazendo festa e alegria. Um festa de muita importância, que mesmo aqueles que a acham apenas mundana e de apelo sexual, servindo tão somente para proliferar vícios, não tem como negar, pois o carnaval contribui tanto economicamente, quanto culturalmente e como um grande evento de entretenimento.
Bem, para aqueles que são loucos por carnaval, que brinquem, extravasem e aproveitem até o dia de rasgar a fantasia, sempre com muita responsabilidade. E para aqueles que não querem nem ouvir falar desta festa, um bom descanso, uma boa leitura, ou um bom filme, enfim, uma boa diversão.
Diante da polêmica criada sobre a liberação para captação de recursos para o blog de uma certa cantora famosa, fiquei trocando figurinhas com os meus botões e tanto eu como ele, chegamos a uma triste constatação: Por que artistas comuns tem que chorar por migalhas? Por que é tão difícil aprovar projetos de artistas sem expressão nacional? Ou será que estou completamente enganado?
Sou o que se chama de dramaturgo de gabinete, portanto nunca senti na pele a dificuldade de enviar um projeto para obtenção de autorização para captação de recursos para produção de meus textos, negocio apenas os meus direitos autorais com os grupos interessados, talvez, por isso, não conheça direito todo o processo, mas as vozes ressonantes que soam aos quatro ventos, dizem que a coisa é assim.
Já não é a primeira vez que polêmicas deste quilate tomam conta dos noticiários e das redes sociais, não por não ser legítimo, pois todo e qualquer artista, independentemente da sua fama, tem direito de usufruir o que a lei em vigor reserva aos artistas, o que parece ser é imoral, pode-se dizer até que anti-ético. Me digam: Que empresário não gostaria de fazer uso de renúncia fiscal e atrelar sua marca a um artista famoso?
É, o tema é realmente controverso e pessoas de ambos os lados vão achar que tem razão e, se analisarmos bem a situação, vamos perceber que no fundo, o direito de aproveitar os benefícios da lei é lícito para todos. Portanto, eu e meus botões chegamos a conclusão que o problema está no órgão governamental responsável pela aprovação. Aí reside o tumor de toda a celeuma.
Talvez, uma análise mais criteriosa dos responsáveis pela aprovação dos projetos, que deveria inclusive passar pelo efeito que tal decisão causaria na opinião pública, contribuísse para que todos não ficassem com uma sensação de injustiça, principalmente com tantos e tantos artistas que choram por migalhas para realizarem a duras penas, os seus projetos.
Imaginem só quantos e quantos projetos poderiam ser realizados se o montante autorização para captação do projeto da tal cantora fosse distribuído para companhias de teatro pelo interior deste país, por exemplo? Quantos festivais culturais? Quantos curtas-metragens? Quantas cidades poderiam oferecer cultura aos seus habitantes? Uma liberação como ocorreu para o tal projeto, acaba causando um mal estar desnecessário.
Que a lei é para todos os artistas, isso não discute, o que se cobra é que os órgãos responsáveis precisam ser mais criteriosos nas aprovações de projetos e procurar contemplar com os benefícios da lei, não só os artistas famosos e de grande reconhecimento popular, mas também aqueles que precisam chorar por migalhas para colocar na estrada os seus projetos.
COELHO DE MORAES
Áte é um termo grego antigo e quando falamos de Grécia, - Hélade, - nos vem à memória o Teatro e suas manifestações em comedia, tragédia: dramas constantes.
Áte está presente em Homero, ou na coleção de compiladores que seguiram o aedo, ou ainda na coleção de pessoas que recebeu esse nome de Homero, e Áte é, em geral designado como conduta imprudente e inexplicável, dando a parecer que o herói não sabe o que faz, quando, pula do abismo ou se joga nas águas mortais, para a outro salvar... sem qualquer referência explícita à intervenção divina; espécie de loucura ou obscurecimento do estado normal da consciência que permite não pensar duas vezes ou deixar que os instintos mais profundos determinem a conduta.
Parando para colocar a cabeça em ordem vemos ai o ator ou atriz sobre o palco no momento da sua arte. Áte com Arete e temos a virtude da arte teatral na multiplicação da tragédia.
No entanto, Áte é quase sempre palavra traduzida por desgraça, ruína, ou simplesmente tragédia no mau sentido; é termo recorrente nos textos trágicos, lembrando que se dá tragédia quando o herói se vê frente ao inexorável sem poder fugir de seu destino e sabendo que o seu fim se aproxima ainda assim não foge do que tem que fazer.
Tomemos Lacan, agora, e quando falamos de atriz e ator devemos falar de psicanálise. Ou pelo menos devemos falar de inconsciente e suas urdiduras. Usemos outra tradução para Áte: "Essa é uma palavra insubstituível. Ela designa o limite que a vida humana não poderia transpor por muito tempo. Talvez ai o campo de ação do herói. Não se é herói impunentemente e nem todo mundo nasceu para isso. Uma vez transposto tal limite, - e esse é um movimento que se impõe à personagem –, sobrevém o caráter, a um só tempo, enigmático e desumano. Desumano no sentido de não civilizado, de cru.
E nesse contexto o teatro se faz Política e ação pratica na polis. Enquanto no palco se desenvolve uma dramaturgia que apresenta-se desprovida de qualquer referência que possa assegurar orientação entre o bem e o mal, temos, em paralelo, o o caos bem orientado pela ordem (cosmos?) da justiça munida de razão política, que não sustenta por muito tempo o discernimento do seu próprio gesto. Agindo na peça o ator sofre a tragédia de saber que pode morrer naquele papel, pois as forças sociais, que se arbitram detentoras da lei suprema, o pressionarão de alguma forma, mas atriz e ou ator agirão assim mesmo. A lamina está pendente e mesmo assim a vitima cope no carrasco. A peça durará duas horas. O sociedade pode ter sido afrontada. Muita gente vai assistir a peça pelo entretenimento, mas não percebe que foi plantado o ovo da serpente.
Lembremos de Antígona. Ela não está aí para demandar, lutar ou argumentar em favor de nada. Coloca-se, de saída, como morta entre os vivos, para quem o fim já está consumado, como algo necessário e definitivo. Tragédia. A atriz que a representa faz renascer o problema a cada dia desde 2500 anos atrás. Resistência. Teatro. Por mais bobinho que seja sempre será alguém na pele do Outro.
E entre atrizes e atores e gentes de teatro a questão da morte comporta desdobramentos na discussão sobre tragédia.
Tomemos a passagem da obra de Sade em que fala da existência da MORTE-EM-VIDA e advoga contra a naturalidade do crime. A morte da atriz e dos atores, em favor da personagem, constituem o signo capaz de distingui-los de mero animal; tal é o gesto sagrado e dionisíaco que será capaz de humanizá-los e eternizá-los na memória da platéia. Esta MORTE-EM-VIDA é o que se trata de evitar no dia a dia das pessoas, mas é o que mais se exercita, - a morte do simbólico. É preciso consentir na própria morte.
Há a pulsão de morte e a influência de certa filosofia que propaga os limites do ser como SER-PARA-A-MORTE (Heidegger). SER-PARA-A-MORTE é o que é próprio para atores e atrizes, na ocultação de si no palco. Sob máscaras. É a barreira que se impõe à ordem simbólica; a solução trágica, de enfatizar um ponto que não admite qualquer conciliação.
Atrizes e atores são tomados como expressão autêntica de postura conseqüente, que mantém estreito vínculo entre o desejo e a morte: representação do puro desejo de morte. Lacan novamente.
Será isso impasse? A vertente trágica do desejo? A vertente trágica passível de receber outro tratamento através de investigação acerca da comédia?
Da comédia poderá brotar o passe para a vida? A PULSÃO-DE-VIDA?
Mas, esse já é outro tema.