Você já teve a impressão de que é o ator coadjuvante e não o protagonista de sua vida? Se sentiu, parabéns. Isso demonstra que foi capaz de duvidar de sua capacidade de comandar o próprio destino. E isso é bom. A maioria não suporta conceber um mundo que não seja de certezas. A dúvida para essas criaturas é algo doloroso. Para elas, reina a ilusão de que são donas do próprio nariz. Pode ser, e é mesmo, assustadora a idéia de que vivamos numa “matrix” real. Mas pense um pouco. Aquelas opiniões que costuma defende com unhas e dentes são suas mesmo? Quer dizer, foram fruto de um trabalho mental que reconheceu a validade delas? Ou talvez algum “formador de opinião” acabou implantando em sua mente. E, como bom papagaio, você acolheu de asas abertas. É triste, mas muitas vezes nem nos damos ao trabalho de pensar. Pegamos já pronto. Sem filtrar nada. Como num supermercado de convicções. Dessa atitude, resulta aquelas conversas insuportáveis em que todo mundo diz a mesma coisa. Algo como “o importante é ser feliz”. Eu odeio essa frase! Não porque seja um infeliz de carteirinha. Mas, porque pensamentos redundantes como esse exterminam a possibilidade de se criar um diálogo interessante. Não digo o encontro, mas a busca por algo que se aproxime da verdade. Até porque, imagine se alguém resolve ser feliz matando os outros? Ah, tudo bem. Afinal, o importante é ser feliz, não é mesmo? Então, se for com metralhadora, bala pra que te quero! Verdades enlatadas como essa, são a essência da alienação. E alienação, amigos, está em toda parte. Infelizmente, teatro não poderia estar livre dessa praga..
A alienação como processo que anula a personalidade. Fabricante de robôs de carne e osso. Pare pra pensar. Esse não é o melhor dos mundos, obviamente. Pelo contrário, é palco de colossais injustiças em que nós somos os personagens. E ser coadjuvante ou protagonista, vai depender de você. Por isso, ao assistir um espetáculo, não bata palmas só por bater. Exija originalidade. Preze pelo conteúdo. Só cenários pomposos não bastam. Procure assistir a algo que toque em você, como indivíduo. Evite o bando de papagaios que idolatra uma peça porque tem um finalzinho feliz e chavões idiotas. Que se deslumbra com besteiras. Não se iluda. Já se deu conta do quanto famigerada é a claque? Aquelas palmas e risadas gravadas para fazer com que o expectador vire uma “maria-vai-com-as-outras”. Há todo um movimento, na maioria das vezes sutil, para que você não pense por conta própria. E se você não pensa por conta própria, não tem personalidade. Não existe conscientemente. E um público acéfalo é o sonho da alienação no teatro. Um público que consome e não pensa. Só assim será capaz de aplaudir um produto ao invés da arte.
Não existe outro lugar onde se possa tudo. Nas páginas de um livro você pode ser herói, você pode ser um príncipe encantado, uma doce e linda princesa, um desbravador, um terrível pirata dos sete mares, a mais assustadora das bruxas que corta os céus em sua vassoura voadora, um melancólico vampiro, a melhor das bailarinas e até mesmo o mais temido dos vilões. Dentro das páginas de um livro cabe o que você puder imaginar.
Nas paginas de um livro, a viagem é segura, emocionante, estimulante, excitante, edificante, gratificante e tudo mais de “ante” que você puder imaginar. Quem já se aventurou por entre as páginas de um livro, sabe muito bem o que estou falando. Quem é apresentado à um livro dificilmente troca o gosto de se aventurar por entre as páginas, por um outro lazer qualquer.
Já dizia Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”. E quanto mais esses homens se habituarem a ler livros, muito melhor será o país. O conhecimento que vem atrelado a todo poder de imaginação que um livro possui, modifica a vida de qualquer um. O livro abre a cabeça, amplia os horizontes, dá poder de decisão e enche de cultura e sabedoria a quem o lê, e esses, são os combustíveis necessários para transformar a sua vida.
A primeira vista, o livro pode não ser muito atrativo, algo chato e cansativo, sem graça mesmo, ainda mais se ele lhe for imposto como matéria de escola e empurrado a contra gosto. Realmente não tem como se apaixonar por algo que nos é dado por obrigação. O livro deve ser objeto de desejo, que aguce a curiosidade e faça despertar em você algo diferente. E por imposição, nada é legal, não é mesmo?
O livro deve ser apresentado bem cedo, quando ainda só nos interessa as figuras. Devemos nos acostumar em tê-lo como nosso companheiro na hora de dormir, o nosso amigo de todas as horas, a diversão perfeita para os dias chuvosos, ou para piqueniques em parques ensolarados. O remédio certo para as noites de solidão e nosso par perfeito para as horas de relaxamento. Quanto mais se está com o livro, mais com o livro você faz querer está.
Mesmo em tempos de grandes modernidades, o livro soube se adequar e hoje se faz presente no mundo virtual em versões eletrônicas e podem ser lidos nas telas de um computador. Talvez os livros nessas versões não contemplem o fascínio que há em cada página de um livro tradicional, que ao ser virada, faz a gente viajar na imaginação.
E é assim, quem conhece o livro, sabe muito bem o que ele é capaz de nos proporcionar. Quem não conhece, ou acha que livro é algo chato e sem graça, procure algo que seja a sua praia e experimente se aventurar, você vai se surpreender. Existe um livro para cada tipo de imaginação e imaginação para todo tipo de livro. Boa leitura à todos!
Eu gosto de enlatados. Claro que não é legal pra saúde. Sabe como é, toda aquela química faz alguns estragos. Amarela os dentes, entope as veias, envenena as tripas etc e mais alguma coisa. Resumindo. Um simples enlatado pode te levar mais rápido pro cemitério. Mas que o negócio é danado de bom, ah isso é! Assim, encontro-me numa dúvida cruel. São duas da madrugada. Estou com uma baita fome. Seguro uma lata de quitute. Na embalagem vem “derivados de carne”. A informação me deixa curioso. O que seriam “derivados de carne”??? Seria carne, carne mesmo? Ou o quê? Virando a lata, em letras miúdas, aparece a relação dos “derivados”. O primeiro, miúdos de galinha. Quer dizer que essa joça nem de boi é! E pra falar a verdade, miúdo de galinha é tudo aquilo que a gente come da galinha, tirando a pena. Obviamente, que também tirando a carne. Então, sobram outros trecos. O segundo “derivado” é miúdo de porco. Deve ser a orelha, o bucho, o focinho... Ah, e não podemos esquecer o rabo! O rabo do porco é tudo. Do terceiro “derivado” em diante, já não tenho coragem de ler. Melhor mesmo ficar na fantasia de que o restante da lista é só filé mignon. Ou a fome vai pro beleléu.
Você bem que deve estar se perguntando por que não deixo essa lata dos horrores de lado. É, eu posso. Mas tem um grande problema. Eu não quero. Lá na cozinha, tem sopa de ervilhas, daquelas que vem o pó no saquinho. Ervilhas fresquinhas, segundo a fabricante. Bem, pelo menos um dia elas foram assim. São três minutos pra fazer a gororoba esverdeada. Quer saber? É tempo demais. O preparo também exige uma operação bastante complicada. Botar água na panela e esperar ferver. Sem levar em conta que daqui pra cozinha são quatro metros. Meu condicionamento físico não permite andar uma distância tão grande. Vou ficar mesmo como o meu quitute. Rabo de porco com couro de galinha.
Taí, enlatado é assim mesmo. Prático, rápido e de conteúdo duvidoso. Interessante que do quitute pro cinema, não é tão diferente. Filmes enlatados são feitos de muita porcaria. Os principais “derivados” são preconceito, violência, discriminação, idiotice e uma pitada de mau gosto. O Governo bem que poderia botar, atrás de cada DVD, a mensagem “ O Ministério da Saúde adverte, assistir a esse bagulho faz mal à saúde”. Saúde mental. E também a saúde física. Quer saber por quê? Um exemplo pessoal. Eu nunca me esqueci do Rambo: A Missão. Sim, eu confesso. Um dia eu vi essa lástima! Silvéster Stalone fez a minha cabeça e de toda a rapaziada transbordando de testosterona. Na época, a gente também queria ter uma bazuca e acertar definitivamente as contas com o professor de Matemática. Raiz quadrado e galho redondo não seriam mais problema. O pior é que ver um brutamontes com aquela ridícula fitinha vermelho na testa, matando todo mundo, até parecia divertido. A gente não tinha muita cabeça pra contestar tamanha insanidade. Toda aquela matança gratuita e ideológica. Trá-trá-trá-pou-pou-pou-cabuuum!
Por isso, me entristece não ter constado Filosofia na grade escolar. Sócrates e outras mentes pensantes poderiam ter nos ajudado a indagar por que o Stalone não procurava dialogar mais e atirar menos. Felizmente, não levamos seu péssimo exemplo tão a sério. Mas os massacres de estudantes por estudantes que frequentemente ocorrem nos Estados Unidos servem de alerta de que a cultura da agressão volta contra a própria sociedade que a cultiva. Rambo foi só um exemplo do passado, entre tantos que afloram no presente. Há superproduções caríssimas com conteúdo paupérrimo. E por não ter o que realmente dizer de interessante, apelam pra todo um arsenal de cretinices. Para mim, os filmes bons são cada vez mais raridade. E pouco importa dizer que tal película já levou zilhões de pessoas ao cinema. Quantidade nem sempre se traduz em qualidade. É das grandes manadas a preferência por saborear capim.
Vivemos tempos difíceis, pregamos aos quatro cantos sermos politicamente corretos, mas temos desvios profundos de caráter, pois perdemos a noção de discernimento entre o limite do que é certo ou errado. Andamos apressados pela vida em busca do vil metal e trocamos sem nenhuma vergonha e sem nenhum sentimento de culpa, o “ser”, pelo “ter”.
Trocamos abraços apertados, por meros recados em sites de relacionamentos, trocamos telefonemas, por breves torpedos enviados por celulares e, a cada dia que passa, nos afastamos mais e mais do convívio humano, perdendo assim a capacidade de nos importarmos com a vida alheia. A menos que essa vida alheia esteja exposta nas telas da televisão como uma simples mercadoria a venda.
Nos importamos cada vez mais com coisas que pouco, ou quase nada, impor-tam, enchemos nossas vidas de assuntos fúteis e preocupações banais, ocupando nosso tempo com espiadinhas em programas vazios, esquecendo de como o tempo passa rápido demais. E, com tudo isso, acabamos deixando de fora de nossas vidas, algo que só tem a nos engrandecer: a cultura. E segundo uma recente pesquisa, as pessoas não se interessam mais por cultura.
Vejo com muita tristeza o resultado desta pesquisa, pois ela só vem corroborar com a idéia de que estamos num caminho quase sem volta e que a escolha de trocar o “ser”, pelo “ter” é cada vez mais evidente. Tanto que este resultado mostra, que já não nos importamos com nós mesmos. Deixamos de dar atenção às nossas vidas, para enchê-las de vazio. Não nos preocupamos mais no que somos e sim no quanto temos.
Mas, mesmo com este resultado estarrecedor mostrado pela pesquisa, que pinta um quadro muito triste para o nosso futuro, devido ao desinteresse em obter cultura que atinge um número enorme de pessoas, resta ainda um pequeno fio de esperança, pois ainda existem aqueles que se propõem a fazer e a levar cultura, mesmo que as pessoas não queiram dela se servir.
Esses dias ouvi um parábola que falava sobre um palestrante que chegava atrasado para sua palestra e encontra apenas um espectador. Ao indagá-lo sobre se deveria ou não dar-lhe a palestra que havia preparado, recebeu como resposta, o seguinte: “Se eu entrasse no galinheiro para dar comida e encontrasse só uma galinha, daria comida à ela”. E o palestrante então, proferiu sua palestra.
Usando desta parábola, convido todos que militam com cultura, para prosseguirem com suas jornadas como um fio de esperança, mesmo que ainda só haja um único ser interessado em se servir daquilo que vocês tenham a oferecer-lhe em termos de cultura.
O ATOR E O RETORNO DA MORTE
COELHO DE MORAES
Instala-se (Freud) o conceito de pulsões. Pulsão de vida e pulsão de morte. Conceitos de origem nos campos do id – inconsciente – e se projetam ao longo da vida. Platão já dizia que Filosofia é uma preparação para a morte. A morte física? A morte com superação de etapas? A preparação para a morte do entendimento sensível (daquilo que se sente materialmente, tato e similares)? A entrada no campo metafísico ( o que vai além da física ou do físico – oi conceito de quanta será metafísico)? Mas Platão não gostava de teatro por não ter entendido o sentido da representação. Teorizou muito sobre música e já dizia que para dominar um povo basta dominar sua música. A partir dessa frase platônica, O que pensar da música – ou atitudes - importadas? Qualquer uma: rock, hiphop, sinfônicos alemães, óperas italianas... Teria que esperar Freud.
Essa morte prevista não é aquela dos filmes de terror nem das dos desenhos animados em qe uma panelada na testa desmonta a pessoa – personagem – para remontá-la logo em seguida. Trata-se do caminho natural de um corpo que tem história de começo/meio/fim, e, se direciona para este fim desde que nasce. A pulsão que busca o retorno à Natureza é TANATOS. Tanatos é idealização daquilo que é inarticulável em linguagem... daquilo que não dá para falar... O corpo humano que nasce/vive/morre busca voltar ao pó... homem/húmus/humanus/manus/mão/artífice... barro (aglomerado de átomos) de onde partiu aquele ser biológico que age e não pensa na conseqüência, fingindo que pensa. A propaganda da TV afirma que ele pensa e este humano acredita nisso piamente, mas, depois da panelada o ser humano desarticula sua memória.
O corpo biológico nascido de genótipo se torna fenótipo (que é a relação com mo meio ambiente), depois, ser social que interage com a civilização construída. Este corpo vai também construir a sua parte na civilização (mesmo que seja destruir). Interfere na civilização que herda ao nascer. Daí o mal-estar na civilização; inserir-se neste contexto não demandado mas, obrigatório ao nascer, não demandado, repito, é abdicar do estado natural segundo Rousseau. Sair do estado natural para um não-natural – civilização / kultur - é de negar seus mais escondidos desejos; é ser civilizado e cair num estado de mal-estar constante. Nostalgia do nada. Tristeza por coisa alguma. Bachianas nº2. Rebeldia sem causa. Ter saudade do momento que não viveu.
Assim subamos ao palco para reviver? Re-presentemos ou seja, colocamos de volta no presente aquilo que nos tocou? Lázaro redivivo? Quando Lázaro saiu da cova fedia à morte ou lavanda?
Ainda Freud: do binômio civilização-renúncia pulsional, como forma de constituição do laço social, diria respeito a uma forma universal de cultura; a defesa da concepção de cultura marcada pelo projeto iluminista-humanista do domínio da natureza pela razão; trata-se de falácia gigantesca, pois, enquanto o ser humano interfere na natureza (eufemismo para CONTROLA a natureza ) o ser humano altera seu status na própria Natureza, excluindo-se como item do equilíbrio ecológico. O ser humano é alienígena em seu próprio planeta ou será só alienígena?
O retorno ao estado natural do mundo será através da eliminação do ser humano como corpo estranho que causa a infecção. Deve ser extirpado.
O mundo é palco. A cultura é uma peça que se desenvolve nesse palco. Há muito improviso. Tem muita gente que nem percebe que atua.
Todas as observações acima se calam quando se recebe muito bem e se trabalha na Rede Bobo.
Quando atriz/ator irrompem no palco acabam por negar a pulsão de morte e revitalizam, através da personagem, a existência de uma nova história a ser contada, de uma nova bio, de uma nova zoe. Atriz/Ator rompem com o ciclo que leva à morte e rasgam o véu da neurose, desencadeando a catarse que se quer. A ficha que cai. A idéia que se propaga. A sensação de Eureka. Mas, apenas sensação.
Dois conceitos ainda a serem pensados e trabalhados: Antiédipo: quando a mulher assume seus papéis (que não fazia no começo do teatro) / e fim da pulsão de morte, mesmo que sobre o palco.
No palco negamos a morte e consideramos o eterno repetir. No entanto a cortina se fecha no final, mas se abre no momento seguinte. As cenas querem repetir o quotidiano ou o fato ou o evento, mas sempre repetir e por si só repete o mesmo de si, a cada dia de apresentação. No entanto, a cada dia de apresentação o repetido não é tão o mesmo. Tem pequenas mudanças.
Há na música minimalista tensões desse tipo. Pequenas células musicais que se organizam e mudam sempre; sempre alterando algo no ritmo, na ordem, na posição ou ainda no instrumento que toca o trecho. Se forem vários instrumentos teremos universalidade de informações.
Bob Wilson usa tal recurso em seu balé no teatro. Uma única coreografia que todos aprendem. Mas, como cada um dos cinqüenta executantes a realiza em momento diferente e em posição geográfica muito variada, iluminado por luzes diferentes a realização se torna caleidoscópica e multiplica a visualização com pequeno esforço. Sentimos que tudo é diferente.
Atriz/Ator repetem sua cena a cada dia. A cada dia a mesma cena muda. Um trejeito ali. Mudança no passo. Na velocidade da fala. A cada dia quem a vê a vê diferente, por ela (pela cena) e por si mesmo (pessoa pensante). A pessoa que vê a cena ganha, a cada dia, mais conteúdos e seu olhar muda sobre a cena. A repetição se dá dentro do episódio do acaso. A cena realinha os conteúdos da pessoa/platéia.
A peça civilizatória, ou o papel que a sociedade impõe e que a população assume é mal teatro. As peças sobre o palco tentam organizar a civilização, não com o fito de controlar a civilização, mas com interesse de esclarecer ou iluminar pontos – AUFKLARUNG. Quando a platéia se emociona é por que percebe que mal decorou o texto ou que mal improvisou, sempre fora do tempo ou do sentido. Começa que o DRAMA é o movimento da coisa e as pessoas se limitam a permanecer sentadas, imóveis, absorvendo sem participar. É a tradição reinstalada.
Quando paro diante da tela em branco do meu computador, pronto para começar mais uma história, tenho a certeza, mesmo que ainda não saiba e nem tenha a mínima idéia sobre o quê eu vou escrever, que vou entrar numa grande viagem, pois toda vez que inicio uma nova história, viajo como nunca. Escrever é definitivamente o meu barato.
Escrevo porque quero, porque gosto e porque me faz muito bem. Sempre foi assim. Escrever histórias me faz ver coisas que no dia-a-dia passam meio que batido pela minha vida. Adoro poder inventar situações, criar conflitos, atar e desatar nós, experimentar minhas experiências em cada um dos personagens que me visitam a cada história.
O que me basta é poder escrever a minha história e neste momento, pouco me importa, aliás, na verdade, nem me interessa, se vou receber críticas, se vão gostar, até se um dia alguém vai se dispor a ler minha história. A viagem de escrever a história é maior. Poder viajar nas dores e nas delícias de cada ser e brincar com a sorte de cada um é uma sensação inexplicável, só quem viaja pelas palavras pode compreender.
Ás vezes, tenho a sensação que a viagem é tão intensa e que a história flui de uma tal maneira que parece ser soprada. Tudo vai saindo, sem sinopse, sem argumento, sem escaleta e sem qualquer outra ferramenta teórica que ensina a melhor maneira de escrever uma narrativa. A idéia vem e a viagem é tanta, que só paro no ponto final. Aí sim, vou lê-la.
Não saber aonde a história vai me levar é a grande adrenalina que alimenta a minha viagem. Ter a folha em branco e uma idéia na cabeça me estimula a colocar no papel tudo que de uma forma ou de outra chegou a mim. Tudo dá uma história e viajar por cada uma delas é a melhor recompensa que alguém que se dedica a escrever, pode receber. Elogios são bons, mas na maioria das vezes todos tem uma segunda intenção.
Viajar na história que escrevo, me regenera, pois, como todo mundo, não é fácil agüentar os problemas da vida moderna e quando fico cansado de nadar contra a correnteza das dificuldades da vida é chegada a hora de criar asas e voar na minha imaginação, sentar em frente ao computador, olhar firme para aquela tela em branco e começar a minha viagem.
Bom, preciso parar por aqui, pois o dia não foi nada fácil, os braços já estão cansados de tanto nadar contra a corrente e é chegada a hora de criar asas e alçar novo vôo para mais uma viagem inesquecível. Se um dia alguém vai ler o que o vou escrever, não sei. Quem sabe? Mas qualquer hora dessas, eu conto como foi mais essa viagem.