Do Papel ao Palco
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Last Updated on Friday, 06 September 2013 17:56
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Published on Monday, 26 May 2008 20:12
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Written by Paulo Sacaldassy
Quando começo a escrever um texto, seja ele adulto ou infantil, o processo desde a concepção da idéia até o ponto final no texto pronto, sempre é diferente, a única coisa que não é diferente é o trabalho que dá, muito embora para mim, seja por demais prazeroso. A complexidade de se contar uma história através de diálogos, não é nada fácil.
Depois de muito trabalho e algumas noites mal dormidas, visto que, o sono, volta e meia é atrapalhado pelos conflitos dos personagens e pelo rumo que a história deve tomar, consigo pôr o ponto final.
Pronto, mais um texto terminado. Nada disso! Agora vem a principal parte para mim, a leitura do texto. Minha esposa é a primeira leitora, e que tanto ler e reler meus textos, se tornou a principal crítica deles, e confesso: ela pega pesado. Pois bem, depois de várias leituras, muitas folhas imprimidas e rasgadas, e inúmeras correções ortográficas e de estrutura cênica, tenho o texto pronto, lido e relido. Enfim, mais um trabalho concluído.
Mas, e daí? O que adianta ter o texto concluído sem ter como encená-lo? Pois, texto de teatro só é teatro em cima do palco, de outro modo, não passa de dramaturgia, não é mesmo? Para quem faz parte de um grupo de teatro, a tarefa acaba sendo facilitada, já para quem não faz, como fazer para ver sua história em cena?
Durante anos, não tinha como divulgar meus textos, apenas mostrava-os para alguns amigos, está certo que sempre tive um certo medo de expor o que eu escrevia, hoje já superado, graças a Deus. Com a internet e os sites de relacionamentos consegui enfim, ter um bom espaço de divulgação para os meus textos, e através desses canais de comunicação, inclusive esse site, pude ver montados dois de meus textos e espalhar o meu trabalho Brasil a fora.
Acontece que me deparei com um dilema que até então não havia dado conta, ceder gratuitamente os direitos de meus textos para vê-los encenados ou cobrar pela cessão desses mesmos direitos? Durante muito tempo, o que eu mais queria era ver meus textos no palco, isto já me bastava, mas, com o tempo, refleti: se quero viver da minha dramaturgia, necessito ter um mínimo de valorização, pois escrever um texto é um trabalho árduo e como tal, merece ser remunerado.
É certo que as dificuldades de se montar um espetáculo são grandes e os incentivos quase nenhum, e que muitas pessoas despendem o seu tempo para fazer teatro em grupos amadores, apenas pela divulgação da arte, e posso atestar que conheço muito bem esse universo, pois por um bom tempo fiz parte de um. Só que acho não haver nenhuma dificuldade em se pagar pelos direitos autorais, pois os mesmos, quase sempre, são pagos através da bilheteria, sem onerar em nada o espetáculo. Então, por quê alguns insistem em não pagar? É claro, que cada caso é um caso, e é certo, que não só eu, mas como outros dramaturgos, não se negarão a liberar a cobrança dos direitos autorais para projetos sociais.
Acredito que, por menor que seja a remunaração pelos direitos autorais, ela é justa e representa um estímulo para todos que se dedicam a dramaturgia, uma arte quase marginal. E contrapondo um ditado popular, nem só de arte vive o homem, ele necessita do pão. E o caminho entre o papel e o palco é longo, difícil e quase sempre sem oportunidades.
Todos nós, que de alguma forma estamos ligados ao teatro, vivemos pela arte, mas seria melhor se todos conseguissemos viver da arte que se faz.
A Força do Teatro
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Last Updated on Friday, 06 September 2013 17:56
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Published on Monday, 26 May 2008 20:08
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Written by Paulo Sacaldassy
Nos anos dito de chumbo, o Teatro foi um dos grandes instrumentos com os quais se foi possível enfrentar a ditadura militar. Em cima do palco, grandes atores e atrizes, davam vida às histórias criadas por grandes dramaturgos, que com muito talento, conseguiam driblar a censura, e mostrar ao povo tudo que se passava com o país.
Com muitas perdas e muitos sacrifícios, a ditadura juntamente com a censura, ficaram para trás, a democracia tomou conta do país. Mas, o que aconteceu com a força do Teatro? Muitos dizem que a abertura influenciou na queda de criação, e o fato de se ter conquistado a liberdade de expressão, tirou o poder do Teatro de ser um instrumento de informação mais contundente.
Talvez pelos anos em que foi um dos principais instrumentos contra a ditadura, o Teatro sofreu um certo desgaste, natural, eu acho! Foi preciso uma oxigenação, e na minha opinião, foi essa oxigenação que deu origem a um teatro menos compromissado, politicamente falando, trazendo à tona, um Teatro descontraído, de cotidiano, de pura diversão, dito comercial.
Esse Teatro dito comercial, tal qual o Teatro engajado dos tempos da ditadura, têm força, e por mais que divirta muito mais que informe, esse Teatro dito comercial, também é competente e tem o seu valor. Mas isso é assunto para uma outra oportunidade. O que importa agora é a força que o Teatro pode ter.
Muito mais que uma arte, o Teatro sempre teve uma importância social muito grande, principalmente quando chega às camadas menos favorecidas da sociedade, ajudando a instruir essa população carente de cultura e informação.
A situação em que passa o país, faz pressupor a necessidade de uma revolução, mas, sem armas, sem brigas, sem perdas de vida. Uma revolução feita pelo poder da palavra e da ação, e o Teatro tem essa força! É preciso uma mobilização da arte contra esse processo degenerativo em que passa o país. Não é possível suportar tanta corrupção, tanta violência, tanta desfaçatez de certos homens que usufruem do dinheiro público para o seu bel prazer.
E é preciso apressar o passo, pois alguns homens estão tentando sorrateiramente e de uma forma camuflada, implantar a censura no conteúdo de programas de televisão, através da classificação indicativa, numa tentativa de inibir a criação ou talvez, de proteger interesses de alguns.
Dramaturgos, diretores e atores, precisamos empunhar essa bandeira para mostrar a força que o Teatro tem. Que é possível, em cima de um palco, passar a limpo novamente esse país. É chegada a hora da luta, de mostrar a força do Teatro como um instrumento transformador para uma sociedade diferente, não sei se melhor, mas, diferente.