O Ator Espírita
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Last Updated on Friday, 06 September 2013 17:56
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Published on Monday, 26 May 2008 20:02
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Written by Paulo Sacaldassy
É engraçado quando ouço alguém dizer que incorpora a personagem, dá vontade de perguntar se a pessoa está participando de alguma sessão espírita, com todo o respeito que a religião espírita merece. O pejorativo aqui não é o espiritismo em si, e sim o ator, que quando diz incorporar a personagem, mostra claramente o grau de desconhecimento que tem sobre a personagem que vai interpretar.
Sempre é bom lembrar que teatro é a arte da ação, então, toda a ação pressupõe uma outra ação, que nos leva à outra ação, e é esse vai e vem de ações que move a personagem. Não sei se estão me entendendo? Vou dar um exemplo: Uma personagem sente uma enorme dor de barriga, o que a move é a dor de barriga, isso vai causá-la alguma sensação, que foi motivada por uma ação anterior, essas informações é que são fundamentais para se compor a personagem, não adianta ler no texto, se concentrar e incorporar a personagem, não é verdadeiro.
Tem também a turma dos atores sensitivos, que dizem compor a personagem pelo que eles sentem, a tal intuição, se é que vocês me entendem. É óbvio que não se pode levar a sério os atores que entendem interpretação como algo espírita, não é só chegar na hora de interpretar e deixar a personagem “baixar”.
Isso é muito sério, pois existem atores que acham que estão fazendo o seu melhor, que estão dando a sua verdade ao personagem. Mas, não existe a sua verdade, nem tão pouco a tal falada memória emotiva, a personagem é como um ser vivo que tem a sua própria história, os seus sentimentos, as suas emoções, as suas reações, enfim, a sua razão de ser, ela não é abstrata.
Cabe ao ator, estudar a personagem através do texto, e descobrir ali, as necessidades e as motivações para cada ação que a personagem vai viver, tudo tem uma justificativa, não existe a incorporação da personagem, isso é outra coisa, menos interpretação.
Como o próprio nome diz, interpretação, vem do verbo interpretar, que significa representar, logo então, interpretação é a representação, não é simples? Está aí, interpretar é representar para o público, de uma forma geral, as ações, emoções e reações de uma personagem. É mostrar do seu jeito e pelo seu entendimento, o que aquela personagem vê, sente e age. Interpretar portanto, não é incorporar.
Então, você que pretende ser ator ou atriz, repense o seu conceito sobre a arte da interpretação, pois o ator espírita nunca será um ator de verdade, porque nunca conhecerá a alma das personagens que interpreta. Tudo soará sempre artificial, como um ritual, chega-se ao teatro, espera-se o primeiro sinal e concentra-se, ao segundo sinal faz-se as orações, e ao terceiro sinal incorpora-se a personagem e pronto. Depois é só aguardar a abertura das cortinas.
Antes de mais nada, quero deixar bem claro que precisa-se ter muito respeito com a religião espírita, que é quem tem de fato, os ensinamentos necessários que possibilitam incorporar alguém. Incorporar não é atuar e o ator de verdade, interpreta, não deixa a personagem “baixar”.
A Influência da Televisão
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Last Updated on Friday, 06 September 2013 17:56
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Published on Monday, 26 May 2008 19:58
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Written by Paulo Sacaldassy
Quando a televisão foi criada, não se imaginou que o então aparelho que foi colocado como principal objeto nas salas das famílias, acabaria tendo tanta influência na vida das pessoas. Mas o fato é qual o tal aparelho inofensivo, se tornou um instrumento por demais perigoso.
É claro, e não cabe aqui maiores contestações, que quando bem aplicada, a televisão acaba atendendo e suprindo certas necessidades de informação que as pessoas de uma maneira geral têm. O problema é a sua má utilização e certas influências que de uma forma ou de outra ela acaba gerando.
Poderia descrever aqui inúmeras influências que a televisão é capaz de provocar nas pessoas, desde modos, maneiras e comportamentos, até opiniões e opções político-partidárias, mas o que me interessa descrever aqui é a influência que a televisão tem sobre os jovens e os seus desejos de se tornarem um artista.
Que o fascínio provocado pela televisão é grande, também não se discute, só que é justamente esse fascínio, misturado ao glamour das festas e da vida cotidiana dos artistas que a televisão mostra, que acaba influenciando e confundindo o jovem quanto a sua opção pela vida artística.
É óbvio, que a maioria do jovens de hoje em dia que dizem para todos que querem ser artistas, não sabem, aliás, não têm a mínima idéia do que estão falando, pois talvez o que eles queiram de verdade é apenas aparecerem na televisão, serem famosos, e fazerem parte deste glamour mostrado pela televisão.
Talvez esses jovens nem sejam de todo culpados, na realidade, muitos dos pais que também influenciados pela televisão, fazem de tudo para colocarem seus filhos em evidência, e não medem esforços para torná-los o “artista” da hora, sequer imaginarem, o quão é sofrida e difícil a vida de um artista de verdade, e também têm suas parcelas de culpa.
Não estou aqui para desdenhar o sonho de ninguém, muito pelo contrário, acho até que aqueles que sonham em serem artistas, trabalharem na televisão, serem famosos, devem, enquanto são jovens, esquecerem um pouco tudo isso, e focarem única e exclusivamente em suas formações. Estudem, leiam, invistam em seus conhecimentos, pois a fama é efêmera e jamais deve ser o objetivo.
E essa caixa mágica que enfeita a nossa sala, exerce mesmo um fascínio e uma influência quase que hipnótica sobre todos nós, por isso, precisa-se tomar muito cuidado em não misturar o que é apenas uma vontade de se ver ali na tela da televisão, vivendo toda aquela vida de glamour, da profissão de artista, que na verdade, não tem nada do glamour, e é feita de sacrifícios e construída degrau a degrau, até se consolidar em uma carreira de sucesso.