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Teatro Infantil, sim senhor!

Ás vezes, leio muitos comentários sobre a discriminação que sofre o teatro infantil, e ela existe sim! Mas, isso nunca me incomodou e nem me inibiu ao ponto de me fazer desistir de escrever textos para o público infantil, pois esses sempre me deram, e me dão muito prazer.

É claro que fico chateado com o demérito que dão aos textos infantis e ao teatro para crianças de uma maneira geral, pois não é difícil ouvir algumas pessoas chamarem o teatro infantil de “pecinha”. Será mesmo uma “pecinha”? Tenho convicção que não!

Por mais que esse preconceito insista em rondar os palcos, sei que tem muita gente lutando para mudar esse quadro, pois muitos grupos estão dando muito mais valor à um bom texto, tendo um cuidado maior com o espetáculo como um todo, e principalmente, tratando a criança como um espectador.

Já foi o tempo em que se achava que criança podia ser enganada, aliás, eu nunca acreditei nisso, sempre achei que quem se enganava de fato, era quem fazia do seu espetáculo, um arremedo de caras e bocas, acreditando estar agradando e oferecendo algo de qualidade para o público infantil.

Talvez esse pensamento tenha contribuido um pouco para que o teatro infantil não fosse levado tão a sério, mas graças à Deus, e a quem acredita no teatro infantil como uma parte importante da arte de interpretar, as coisas estão começando a serem postas nos seus devidos lugares.

E quem acredita mesmo no teatro infantil como uma ferramenta importante e que contribui com a sua forma lúdica para o crescimento das crianças, deve encará-lo sempre de uma forma séria, pois assim, acredito que colocaremos o Teatro Infantil em um lugar de destaque.

Eu sou e sempre serei pelo Teatro Infantil, sim senhor! E torço muito para que a cada dia, mais grupos apostem em um Teatro Infantil mais profissional, que leve às crianças não apenas entretenimento, mas coloque em cada uma, o gosto pelo teatro e a vontade de assistir sempre que possível, um espetáculo infantil de verdade.

O teatro nosso de cada dia

É impressionante o poder que o teatro tem de se renovar e de ser renovado. Sempre há uma nova possibilidade de interpretação, um novo olhar sobre uma cena, uma nova concepção de espetáculo. Sempre há alguém que se inicia na arte, alguém que experimenta o teatro pela primeira vez, ou alguém que sempre se renova e por conseguinte, renova o teatro.

Não há como negar que quando se conhece o teatro, acaba-se sempre de alguma maneira, tendo sua vida influenciada por ele, ou seja pelo fascínio que ele trás, ou pela oportunidade que ele dá para que cada um trabalhe suas emoções. O teatro, mesmo não tendo a popularidade do cinema ou da televisão, tem o dom do encantamento.

Esse nosso teatro de cada dia, que vive a margem das grandes mídias, que não tem glamour, que quase nunca recebe apoios, ainda tem fôlego para conquistar cada vez mais pessoas, que querem do teatro apenas o que ele realmente pode dar, a chance de se nascer e morrer a cada apresentação.

Todo dia tem alguém conhecendo o teatro e sendo contaminado pelo vírus da interpretação. São crianças, jovens, adultos e até mesmo pessoas da terceira idade, que ao serem apresentados ao teatro, mudam as suas vidas e fazem dele um motivo para serem um pouco mais felizes, mesmo que por alguns instantes.

Mesmo que alguém diga para você que o teatro não leva a nada, que o teatro é uma perda de tempo, que a vida é muito corrida para se perder horas de seu dia com fantasias e brincadeiras de faz de conta, siga o seu caminho firme, pois tolos são os que acham que o teatro é algo sem importância.

O teatro para quem o conhece de perto, de lado, por dentro é muito mais do que as pessoas acham que seja, por isso, se você está envolvido com esse nosso teatro de cada dia, usufrua a essência que ele tem, sem segundas intenções. Faça um teatro de corpo e alma, sem pensar em recompensas, sem pensar em aplausos, faça apenas para ser feliz.

Bem-vindo seja sempre os que encontram o teatro pelo caminho e fazem dele um companheiro para vida inteira, mesmo apesar e com todas as dificuldades. Bem-vindo seja sempre, você que está chegando ao teatro pela primeira vez e se apaixona a primeira vista. Bem-vindo seja sempre, todos os que fazem do teatro sua razão de viver. Bem-vindo seja sempre esse teatro nosso de cada dia.

A primeira vez

Como explicar esse momento mágico? A primeira vez sobre um palco é sempre inesquecível. Mas, tudo o que envolve esse momento, transcende a qualquer lucidez da razão. Na noite anterior da apresentação, a barriga dói, a ansiedade toma o lugar do sono, o medo de esquecer o texto já apavora, e um rolar na cama é o movimento mais constante.

Eis então que chega o grande dia, as olheiras denunciam a noite mal dormida e a ansiedade se faz companheira, mesmo com todos os exercícios na tentativa de reverter, ela parece incontrolável. E quanto mais se aproxima a tão desejada hora, mais o nervoso se faz presente.

Ufa! Já no camarim, maquiagem pronta, figurino vestido, o texto passado e repassado várias vezes, a respiração um pouco mais controloda, demonstra uma certa dose de auto-controle. Mas, o burburinho vindo da platéia aumenta a adrenalina, as mãos suam, a barriga volta a doer, o suor corre insistentemente sobre a maquiagem retocada por várias vezes.

Primeiro sinal. Ai, meu Deus! Agora não tem como voltar atrás! Segundo sinal. Nervossismo, suador, dor de barriga, concentração, tensão. Terceiro sinal. Merda!… Merda!… Merda!

Agora sim, em cima do palco, cortinas abertas, o texto na ponta da língua, o nervossismo ficou nas coxias, a dor de barriga ficou para trás, não tem mais ansiedade, o suor agora verte da interpretação, a tensão agora faz parte do drama e a emoção de estar sobre o palco, dá o seu lugar às emoções da personagem.

Parecia que não chegaria, mas passou tão rápido que dá vontade de fazer e passar por tudo de novo. E acho que é por isso que quem sobe ao palco pela primeira vez, e sente esse turbilhão de sensações que nos revira por dentro, sempre quer mais e mais.

O teatro é assim, sempre vai ser como a primeira vez, e não interessa quão experiente a pessoa seja, ela sentirá sim, tudo, tudo do mesmo jeitinho, como se fosse a sua primeira vez. Por tudo isso, se hoje for a sua primeira vez, muita Merda para você!

A Cultura é para todos

Tal qual a educação e a saúde que devem ser prioridades a qualquer governante, a cultura precisa e deve ser colocada no mesmo patamar. Alguns governantes até têm essa visão e procuram levar à população um pouco de conhecimento cultural, subsidiando espetáculos, ou até mesmo contribuindo para pequenas produções locais.

Outras cidades têm adotado a criação de um evento, que em muitos lugares leva o nome de virada cultural. Esse evento tenta aproximar ao máximo o artista da população, dando acesso sem distinção a todo tipo de manifestação cultural existente. Ele acontece durante vinte quatro horas de único dia, com apresentações que ocorrem em cada ponto da cidade.

Muito embora a arte ainda seja tratada por muitos como simples entretenimento, á medida que a população vai tendo acesso a essas manifestações culturais, vai percebendo o quanto á cultura é fundamental no seu dia a dia.

Apenas uma coisa me incomoda nessa cruzada que tem por finalidade levar e dar acesso á cultura para população, é o fato de que algumas fundações culturais e até mesmo secretarias de cultura de várias cidades, preocupam-se somente com o espetáculo que querem oferecer à sua população, esquecendo de alguns detalhes que podem parecer para eles, sem importância.

No afã de contemplar a população com apresentações de teatro, por exemplo, muitos dos responsáveis não exigem dos grupos que vão se apresentar, a autorização do autor, que acaba muitas vezes sendo surpreendido com notícias dando conta que seu texto foi apresentado no dia tal em tal cidade. Eu mesmo sou vítima disso volta e meia.

Não se trata aqui de estar exigindo os meus direitos autorais, mesmo que eles me sejam legítimos, trata-se apenas de mostrar a necessidade que há de se fazer uma comunicação ao autor. Pois onde está escrito que o autor não disponibilizará seu texto e exigirá os seus direitos autorais? Por que achar que o autor não contribuirá com esse projeto liberando o seu texto?

A cultura deve e precisa ser levada a todos e todos que estão envolvidos com a cultura são sabedores de suas funções dentro desse processo, então, além de se levar cultura a população, que respeite-se o artista, que luta com sacrifício para levar a sua arte onde quer que ela seja solicitada.

A arte é difícil para todo o artista e a sua valorização e o seu reconhecimeno, são partes do combustível que impulsiona a cultura, por isso, é importante que cada governante ao realizar manifestações culturais em suas cidades, se preocupe com todo e qualquer detalhe, até mesmo esse, o de comunicar ao autor de que seu texto servirá de instrumento para o entretenimento e o engrandecimento de uma população.

A sensibilidade da arte

Diferente da lógica que é inerente a racionalidade do ser humano e que o faz enveredar pelos caminhos atribulados da vida, a arte é feita de emoção, e como tal, não obedece uma seqüência matemática que estabeleça e garanta que aquilo que o artista faça, terá sucesso ou não. Por mais que se faça uso de clichês.

A arte transcende a tudo que é palpável, ela é feita do imponderável que nasce da sensibilidade do ser humano, que a usa para transbordar suas emoções, e se fazer expressar, através das alegrias e das dores de sua alma.

Não pode haver no mundo da arte, quem não sinta a necessidade e a importância de se deixar levar pelas emoções, pois arte é um rio por onde correm as emoções que vão desaguar no mundo racional, e que disfarçam as dificuldades da vida cotidiana.

Todo artista por si só é um agente transformador, e quando esse artista é capaz de colocar para fora toda a sua sensibilidade, não há dúvidas, ele conseguirá o sucesso, seja no palco, na literatura, na dança, na música, ou em quaisquer outras formas de arte. A sensibilidade é a chave de tudo.

Quando se pensa em ser artista, deve-se pensar, e analisar a fundo, o quanto se é capaz de se desnudar em sensibilidade, ao ponto de causar a transformação na vida de quem o assiste, mesmo que seja apenas naquele momento em que sua arte é executada.

Um artista não pode pensar pura e simplesmente na fama que almeja, a fama deve funcionar como um estímulo, pois todo artista que se preza busca o sucesso e o reconhecimento, e por conseguinte a tão almejada fama. Mas, não se deve entrar na arte apenas com esse propósito, arte é emoção, e emoção é coisa da alma e nada tem a ver com a racionalidade de atitudes meramente passageiras.

É óbvio que a racionalidade do ser humano se faz necessária em um momento ou em outro de nossas vidas, mas, o que faz a arte comover as pessoas é justamente o dom que o artista tem de expor a sua sensibilidade, desnudar sua alma, por para fora todas as suas entranhas, e se fazer de espelho de seu semelhante.

Antes de querer ser um artista apenas na intenção de se tornar uma pessoa famosa, veja dentro de si o quanto é capaz de expor a sua sensibilidade, pois a arte só fará sentido em sua vida, se ela for capaz de lhe transformar primeiro, para depois lhe tornar um agente transformador.

Toda a arte por si só necessita da sensibilidade de seu artista, e é essa sensibilidade que será capaz de transmitir o que se quer de verdade.

No fim de tudo, ainda resta o aplauso

Ah, o artista… De que é feito esse ser que sacrifica sua vida para levar a arte ao seu semelhante? Por certo deve ser feito de algum material ainda desconhecido. Pois, como pode alguém suportar tantas adversidades e estar sempre pronto para mostrar sua alma?

Ah, o artista… Um ser quase extraterreno vivendo à margem da realidade de uma sociedade, mas, que sempre que solicitado a expor suas emoções e servir de instrumento para mostrar as alegrias e mazelas do ser humano, não se furta e o faz com plena dedicação.

O que fascina tanto nesse mundo das artes e faz com que nunca se esgote a fonte de onde jorra sempre um novo artista? É algo incompreensível, imensurável, indecifrável, não existe uma explicação lógica, mesmo sabendo que muitos desses novos artistas que nascem a cada dia, querem apenas seus cinco minutos de fama e jamais serão capazes de entregar suas vidas à arte.

Ah, o artista… Sobre o palco é visto como um “semi Deus”, na vida comum, quase sempre é criticado por fazer do ócio seu companheiro, algo muito distante da realidade do cidadão comum que precisa bater cartão, e que quase nunca tem tempo para esse ócio. Mas, o que o cidadão comum sabe do ócio do artista? Um artista não vive no ócio, pois esse ócio nada mais é do que o tempo sagrado da criação artística.

Mesmo que na correria do dia a dia o artista não seja levado assim tão a sério, uma hora ou outra da vida do cidadão comum, ele se fará necessário. Seja quando esse cidadão for assistir a uma peça de teatro, ou apreciar uma obra de arte, ou dispor de seu tempo para a leitura de um bom livro, ou até mesmo quando se permitir rir sem compromisso da ingenuidade proposital de um palhaço.

Ah, o artista… Não interessa o que pensem ou falem do artista, ele sempre estará ali nos arredores do ser humano disposto a colorir a vida cinzenta em tempos difíceis, sem pedir recompensas ou gratificações, pois o artista sabe que no final de tudo, sempre restará um aplauso caloroso que justificará todo o sacrifício pelo qual teve e tem de passar cada minuto de sua vida.