O tal DRT - parte II
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Last Updated on Friday, 06 September 2013 13:26
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Published on Sunday, 01 June 2008 00:00
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Written by Tatiana Cavalcanti
Inacrediável. Quase inadmissível, gente.
Não tomem esse texto como um texto propriamente dito mas como um desabafo online.
Quando escrevi há tempos atrás sobre o TAL DRT achei que não estava exatamente prestando um serviço aos artistas, atores, atrizes, técnicos e blá blá blás. Achei sim que estava escrevendo mais um texto sobre o tal do documento que todo mundo conhece, nada além disso. Um documento que devia ser tão "famoso" quanto nosso grandes atores. Mas qual não foi minha total surpresa ao receber, de toda parte do Brasil emails pedindo explicações sobre o DRT, esclarecimentos sobre os exames da banca e nosso sindicato
tão frágil por questões óbvias.
Adorei responder todos os mails recebidos e me sentir (aí sim) prestando um serviço para as pessoas que estão começando, que já começaram e para as que pretendem começar. Ao mesmo tempo que me senti útil, me senti mal. Não pela falta de informação dessas pessoas que me escreveram. Mas pela falta de comunicação entre SINDICATO-ESCOLAS-ATORES-PRETENDENTES-A-ATORES.
De repente me perguntei:
Esses alunos tão sedentos de conhecimento estão realmente sendo bem orientados pelas suas escolas? Onde estão os docentes que nunca falaram disso com os seus alunos? Onde? Onde? Onde?
Fui invadida por uma necessidade imediata de pedir aos aspirantes a atores:
PROCUREM ESCOLAS SÉRIAS!!! PROCUREM INSTITUIÇÕES DE VERDADE, COM REGISTRO E RECONHECIMENTO PELOS ÓRGÃOS COMPETENTES. PELO AMOR DE DEUS PROCUREM QUEM TEM BASE DE ENSINO, QUALIDADE E UM HISTÓRICO SÉRIO!
Na maior parte dos emails que recebi as dúvidas eram as mesmas:
Como é o exame da banca?
Onde me inscrevo?
Onde eu consigo um DRT?
Confesso que não tinha todas as respostas. Mas não tive dúvidas: pesquisei algumas informações na Internet, liguei pra amigos, respondi tudo que podia, li regulamentos. Orientei alguns, dei
dicas para outros. Para os mais experientes, expressei minha opinião.
Surpresa? Sim. Boquiaberta.
Tive medo por quem está começando tão descoberto de orientação, tão ávio por conheicmento teórico e prático.
Por outro lado, senti felicidade de ter as respostas e de ter gente disponível para me ajudar.
Ainda, num terceiro e isolado momento sorri um sorriso solitário quando essas pessoas me adicionaram no Orkut e no MSN me deixando a vontade para fazer o mesmo com os virão. Outras me agradeceram tanto que tive a sensação exata de que tudo que todos queriam era atenção, um carinho, um chamego para quem está sentindo-se perdido nessa concorrida profissão e não encontrou apoio em casa, na escola, com os amigos ou sei lá mais o quê. Senti nossos aspirantes carentes de informação e de ajuda.
E por isso resolvi arregaçar as mangas e voltar com tudo para cá.
Mas antes disso, quero agradecer: Obrigada, gente.
Vocês me fizeram um super bem. Eu me senti acolhida pelos leitores deste belo site, agradecida pela confiança que vocês depositaram em mim me perguntando, me pedindo, querendo uma resposta amena ou outra bem cruel. Obrigada, obrigada, obrigada!
Quando, sempre me coloquei à disposição de vocês eu não estava brincando. Estou aqui. Para informações, orientações ou um conselhinho besta.
Fiz amigos aqui. Gente que me quer bem e por quem eu tenho nutrido um sentimento especial: como aquele de quem é
professor para com seus alunos. Eu ainda tenho uma vida que aprender. Mas com vocês me estimulando desse jeito, vai ficar bem mais fácil.
Obrigada, obrigada, obrigada!
Vocês têm sido leitores companheiros de brigas e de sonhos.
Um beijo carinhoso em cada um com a certeza absoluta que, a gente querendo, pode mudar essa realidade do teatro que
não agrada nenhum de nós.
E pelo amor de DEUS: PROCUREM ESCOLAS SÉRIAS, COMBINADOS???
E pra os outros pormenores, continuem gritando pra mim.
Tati Cavalcanti
taticavalcanti@uol.com.br
Que atire a primeira pedra quem nunca fingiu!
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Last Updated on Friday, 06 September 2013 13:26
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Published on Sunday, 01 June 2008 00:00
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Written by Tatiana Cavalcanti
Eu já fingi. E você?
Duvido que não tenha fingido porque todo mundo fingi.
Aqui no trabalho mesmo tenho uma amiga que vive fingindo, só não sei como ela consegue fingir sempre. O tempo inteiro. E o pior é que todo mundo sabe disso. Ela mesma fala que fingi, que não arrega, que não admiti.
Na verdade eu finjo, você finge, nós fingimos, eles fingem. Que atire a primeira pedra quem nunca fingiu.
Aliás, estou há dias ensaiando este texto sobre o fingimento porque tem me incomodado como o ser humano tem se especializado na arte de fingir.
o Lula fingi que não sabe de nada. O Delúbio fingi que fez tudo sozinho.
Ela fingi que ainda o ama porque é uma acomodada eterna.
Ele fingi que é santo porque a namorada é pra casar e não perdoaria uma escapela que fosse.
Eu finjo que não fico brava com minha chefe nunca porque se ficar provavelmente serei demitida.
Você finge que é feliz só pra não ter que questionar muito.
Puta que pariu, como a gente fingi.
Não. Ele não vai voltar e portanto acho melhor você parar de fingir que ele foi embora só pra te agredir.
Ela não vai te ligar mais porque todo mundo sabe que ela está com outro. Chora mesmo, não precisa fingir que você está achando lindo só pra não admitir que o orgulho vai berrar socorro pra primeira que passar rebolando na sua frente de micro saia.
Grita, chora e esperneia. O orgulho berra, o cotovelo dói pra cacete e mesmo não parecendo, você não vai morrer disso. Acredite em quem já passou e sobreviveu…Não precisa fingir porque todo mundo chora, sofre e tem uma dor de ego. Todo mundo passa por uma situação chata, uma coisa desagradável, um acontecimento que parece ser o pior. Mas não passam de histórias que compõem, que agregam, que somam no resultado total de nosso amadurecimento pessoal.
E nem assim, sabendo disso, a gente pára de fingir.
Fingi que a comida tá ótima, que adora filme de terror só pra agradá-lo e fingi que suco de caju é seu preferido caso seja a única bebida oferecida pela sogra no primeiro encontro das duas.
Fingi que quer ir na balada dos amigos dele, que nem ligou que sua amiga esqueceu do seu aniversário, que não notou a falta do ficante adorável em sua festinha de confraternização de fim de ano entre amigos. Tudo pra não perder a pose, não parecer menor, não se submeter. Tem mulher que fingi orgasmo, tem homem que fingi amor. Tem criança que fingi dor de barriga pra não ir pra escola, tem gente que fingi no currículo que fala inglês só pra passar pela primeira fase das entrevistas.
Talvez porque a gente tenha dificuldade de admitir que perdemos, que fracassamos, que não pudermos ir tão além quanto pensávamos ou que simplesmente não tivemos oportunidade de aprender a fazer melhor. Talvez porque seja duro demais ter que gritar por aí: “Ok, eu estou arrependido de ter feito isso, fui um otário”!
Você sabe que ele quer dizer mas ele não diz. E você quer ouvir a qualquer preço.
Conclusão: você fingindo que nem notou ele não ter dito nada e ele fingindo que não percebeu que você quer ouvir.Assim a gente segue a vida louca, mandando scraps pelo orkut, entendendo cada vez mais o funcionamento do progresso,
querendo todo dia uma novidade tecnológica (porque chegamos num ponto onde não somos mais ninguém sem a tecnologia),
desejando que o outro nem perceba o quanto te magoaram.
Só pra a gente ser maior. Sempre. Como se ficar triste, chorar e sentir dor fosse sinal de inferioridade.
Pobres humanos somos nós. Realmente pobres.
http://diariodenosdois.zip.net
mail: taticavalcanti@uol.com.br