Venho percebendo através das solicitações que recebo pedindo autorização para montagem de textos de minha autoria, que o teatro está presente em todas as cidades, até mesmo nas mais longínquas e distantes cidades, o que me remete a pensar, que de certa forma, o teatro sofre de um grave problema, a falta de apoio da mídia.
Se existem pessoas procurando levar cultura através do teatro, mesmo em pequenas cidades, isso mostra que de alguma maneira, o teatro é popular, sim, pois se fizermos uma pesquisa pelo país, os números serão surpreendentes. Então, o problema da popularização do teatro é puro abandono da mídia.
O dia que houver uma massificação da mídia abrindo espaço para o teatro, com certeza haverá uma mudança de comportamento na população que será notada a olho nu, pois a mídia não tem idéia de quantas pessoas estão envolvidas com o teatro por todo país, seja de forma amadora ou profissional.
Acho que a mídia não dá o tratamento que o teatro merece, são poucos os veículos de comunicação que abrem espaço para falar dessa arte, a não ser quando tem alguém famoso envolvido no projeto, mesmo assim, não tem a mesma abertura que a música tem. É certo que com a internet, o teatro tem conseguindo de alguma maneira, um espaço maior para a divulgação, mas nada se compara com o poder que toda a mídia tem. Já pensou a mídia trabalhando de verdade a favor do teatro?
Parece que o teatro é o primo pobre da família, sempre rejeitado, que precisa viver de esmolas, de favores, mas que volta e meia é lembrado quando se quer mostrar algum trabalho com comunidades carentes e a importância do teatro na melhoria da vida daquela comunidade. Será que o teatro só é bom mesmo apenas como instrumento social? Se a mídia sabe da importância do teatro na vida das pessoas, por que lhe dá esse tratamento?
A população é ávida por teatro, não é difícil perceber isso, basta ir a qualquer apresentação onde a entrada seja grátis. As pessoas conhecem e gostam de assistir a um espetáculo de teatro, o que acontece é que muitas vezes, por não ter o espaço merecido, o espetáculo acaba não sendo divulgado e se perde a oportunidade de aproximar ainda mais, o teatro da população.
Talvez se a mídia desse um espaço maior para o teatro, não teríamos que testemunhar o sacrifício de vários abnegados, que têm sempre de implorar com um pires na mão, por patrocínios e apoios, para poderem levar o teatro ao encontro da população.
Tomba no meio do caminho aquela pessoa desavisada que vive na ilusão de que ser ator é uma tarefa fácil. Muitos se iludem com o glamour da profissão, mas se esquecem que por trás disso existe muito trabalho, um trabalho exaustivo e, por vezes, desesperador. Digo desesperador porque para compor um determinado personagem o ator, além de passar noites e noites em claro decorando o texto, precisa suar a camisa para transmitir para o público com muita propriedade todas as nuanças da alma, trazendo para a cena tudo aquilo (e muito mais) que está impresso nas laudas escritas pelo dramaturgo; desesperador pelo fato do espetáculo estar próximo da estréia e o ator ainda não ter se apropriado de determinadas coisas na composição do seu personagem. Digo composição porque não acredito em ator que "encarna". Teatro não é terreiro de macumba.
Antes de continuar, vou abrir um parêntese. Desde que me conheço por gente nunca encontrei um ator que antes de entrar em cena ficasse esperando o "santo baixar". E se o santo não "baixasse" até o horário da apresentação? O público ficaria esperando até que a entidade resolvesse descer ou apresentação seria cancelada? Se alguém viu algum fato semelhante, me avise, por favor e não titubeie: encaminhe imediatamente essa pessoa para um sanatório.
Devido a essas dificuldades e muitas outras, muitos desistem no meio do caminho e vão trilhar outras profissões menos "dolorosas". É a famosa seleção natural, a arte da resistência, onde só permanecem uns poucos eleitos – os que sabem que para fazer teatro têm que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios, entre eles, abandonar seus pais, seus amigos (e isso não quer dizer que você não os ame) – enquanto outros ficam em casa, esperando que algum diretor ou produtor venha bater na sua porta para lhes dar emprego.
Ao término de cada ano letivo, diversas escolas e faculdades de teatro do Brasil formam centenas de atores, mas quantos desses seguem carreira? Uma minoria. Da minha turma, por exemplo, dá pra contar nos dedos de uma mão aleijada, quem está no mercado.
Conheci pessoas que se matricularam nos cursos só para passar o tempo ou porque não tinham nada para fazer. Ainda bem que esses são os primeiros a desistir.
- Dá pra ficar rico fazendo teatro?
Ouvi essa pergunta milhares de vezes. Rico, não digo. Mas dá pra viver legal desde que a pessoa não se acomode. Conheço muita gente que vive de teatro. Não sobrevive, vive mesmo. Gente que hoje tem casa própria, carro, esposa e filhos que estudam em colégios particulares; gente que tem um local próprio pra ensaiar, que se apresentam em teatros legais...
- E para se chegar até aí?
Respondo: Gente que no início passou fome, morou de aluguel em alguma pensão vagabunda onde a proprietária era uma velha gorda que andava gemendo e arrastando os chinelos ou num minúsculo kitchenete, gente que, por falta de grana para o transporte ia para os ensaios a pé e sem ganhar nenhum centavo.Vale citar que os ensaios aconteciam numa sala ou numa minúscula garagem da casa de alguém do grupo, e quando o espetáculo estreava, normalmente em algum buraco fedido de 30 ou 40 lugares, que hoje chamamos de espaço alternativo, no final do mês recebia (quando recebia) uma merreca de cachê, que mal dava para pagar uma conta de luz. Quantos artistas não enfrentaram essa situação? Quantos amimaram festinhas infantis, quantos ganharam alguns trocados ao fazerem testes para algum comercial, quantos não saíram correndo do teatro após o espetáculo para carregar bandeja em algum restaurante? Não sei calcular, mas foram muitos. Perto de cem por cento.
Se você sobreviver a essa tragédia nuclear, meus parabéns, você está no caminho certo. A questão é saber administrar essas coisas e não querer dar o passo maior do que as pernas. Tudo tem o seu tempo. Basta ter os pés no chão e a cabeça nas nuvens.
Minha intenção não é destruir os sonhos de ninguém. Se você quer ser artista, então, a primeira coisa que terá que fazer é plantar os dois pés no chão e ter a consciência de que está num campo minado. Caminhar com cautela para não correr o risco de que uma bomba possa explodir na sua cara, além de ter muita dignidade e cuidado com determinados grupos, que são verdadeiros ninhos de serpentes. A segunda é ter a cabeça nas nuvens, pois o artista nada mais é do que um grande sonhador. E a terceira e talvez a mais importante: se achar que trabalhar em teatro é difícil, vá num canavial cortar cana, pra ver o que é bom.
Na montagem de um espetáculo de teatro, ator e texto precisam estar numa perfeita sintonia para que a apresentação saia a contento, não é mesmo? Digamos que um bom ator acompanhado de um bom texto é como arroz com feijão, a combinação perfeita. E para que isso aconteça é preciso um envolvimento completo.
Quando um ator conhece como funciona a estrutura dramática de um texto, desde a sua concepção até o seu ponto final, o trabalho acaba sendo facilitado e a compreensão de como o autor quis contar a história, torna a concepção geral do espetáculo bem mais clara.
Do outro lado, creio que quando um autor conhece a carpintaria cênica, além do conhecimento técnico de uma estrutura dramática, aliada a sua criatividade, acaba escrevendo um texto que torna mais fácil o trabalho do ator, por isso, entendo que conhecer o processo de criação do ator, faz com que o dramaturgo escreva muito mais que simples palavras no papel.
A dramaturgia e o ator são partes de uma parceria, que quanto mais perfeita, mais sincronizada, melhor é o resultado final de um espetáculo. Há atores que não conhecem a estrutura dramática de um texto e acabam não explorando tudo o que o autor quis passar. Por outro lado, há autores que não conhecem o universo do teatro e acabam se aventurando, produzindo textos rasos, com falhas de carpintaria e de estrutura, tanto dramática, como cênica.
Quanto mais um ator conhecer o universo de um dramaturgo e vice-versa, melhor se chegará a um bom resultado. Não que seja necessário que cada qual viva na pele a função do outro, muito embora existam aqueles que têm competência para fazer os dois papéis.
O mais importante mesmo, é deixar claro que um espetáculo de teatro vai muito além do que a apresentação em um palco. É algo que começa nos textos de um dramaturgo, passa pelas mãos de um diretor e acaba nos palcos nas ações de um ator. E quanto mais sintonia houver entre todos, melhor para o resultado final.
Ás vezes pode parecer que o caminho é tão longo, que não se acredita ter forças para continuar a caminhada. Ás vezes a estrada é tão difícil que se pensa até em desistir. E muitos realmente ficam pelo caminho, outros, apenas fazem pequenas paradas estratégicas para se prepararem melhor e outros, seguem firme e não esmorecem nunca.
O caminho é muito árduo e a luta contínua, por muitas vezes, desigual. Até que se alcance o reconhecimento, muitas e muitas batalhas são deflagradas durante a jornada, mas no final, aquele que acredita em seu talento, chega. Cedo ou tarde, mas chega.
A vida é cheia de exemplos que mostram que nada resiste ao talento. E não é porque se mora longe dos grandes centros, por exemplo, que não se alcançará o reconhecimento. Aliás, hoje, principalmente com a internet, as distâncias não existem. Então, essa desculpa já não pode mais ser dada, a menos que no fundo, esse alguém queira mesmo é desistir da caminhada.
Todos sabem que o funil é muito estreito e passar por ele está cada vez mais difícil, até porque, pessoas que buscam apenas a fama, acabam de uma certa forma, dificultando ainda mais o caminho, principalmente para aqueles que têm um trabalho sério á mostrar. Mas, a vida é assim mesmo, cada um luta com as armas que têm.
O mais importante de tudo é ter a consciência no trabalho que se faz e no talento que se tem, seja ator, cantor, escritor, dançarino, o talento do artista sempre acaba falando mais alto, pois quem tem algo a mostrar, sempre terá a chance e estar preparado para ela, pode ser a chave de tudo.
Então, por mais difícil que seja a estrada e mais longo que seja o caminho, percorrê-lo é a única opção para quem busca o seu lugar ao sol. Não se deve jamais, se preocupar com as pedras no caminho, porque no final de tudo e apesar de tudo, nada resiste ao talento.
Tenho ouvido muita gente reclamando que faltam oportunidades para novos autores de novelas. Será que falta mesmo? E será que tem espaço para tanto autor de novelas assim? Por que será que tem tanta gente querendo ser autor de novelas? Será que é por que gostam de escrever, ou apenas por que querem ficar famosos? Essas perguntas intrigam os meus pensamentos.
Vivem reclamando por oportunidades. Ora, a oportunidade é a gente que faz. Se em toda a profissão cada qual é obrigado a sair à luta, por que que para ser autor de novelas precisa-se que alguém lhe dê alguma oportunidade? Aliás, em se tratando de novelas, onde o funil é por demais estreito, é preciso muito mais que uma simples oportunidade para poder fazer parte de uma novela, mesmo que seja como colaborador.
Acho que está existindo uma grande confusão entre ser um autor de novelas e gostar do gênero "novelas", pois um autor de novelas é acima de tudo um contador de histórias e histórias podem ser contadas de mil e uma maneiras e não dependem única e exclusivamente do formato novela de televisão. E quem acha que só será feliz escrevendo novela, na verdade não gosta de escrever, quer mesmo é aparecer.
Não adianta viver sonhando com a oportunidade de ter uma chance de ser um autor de novelas e passar os dias escrevendo sinopses e mais sinopses na esperança de que um dia elas sejam lidas por alguém famoso e influente, assim, só está desperdiçando a oportunidade de construir um trabalho de verdade, um trabalho que o leve de fato, até a tão sonhada oportunidade.
Peças de teatro, roteiros de cinema, livros, poesias, textos em blogs, tudo isso, pode parecer que não, mas pode ser o seu passaporte para a conquista do tão sonhado posto de autor de novelas. Todo autor precisa ter um trabalho construido e solidificado em alguma área da escrita, isso é fato. Ninguém é só autor de novelas, pelos menos eu não conheço ninguém que se apresente como escritor de sinopses.
Acho que quem busca uma oportunidade, deve fazê-la através de seu trabalho, pois é ele que despertará a atenção das pessoas responsáveis em contratar autores de novelas. E não adianta ficar implorando oportunidade quando não se tem nada para mostrar, pois somente sinopses não são suficientes para demonstrar o quanto se é capaz de encabeçar um projeto tão caro.
A chave de tudo é e sempre será o trabalho, por isso, além de sonhar, faça por onde tornar o sonho realidade, porque a oportunidade pode bater a sua porta e você não estar preparado para ela.
Vocês hão de concordar comigo que é sempre bom assistir a um espetáculo onde os atores, além de mostrarem uma boa interpretação, são capazes de cantar e dançar com a mesma desenvoltura. Mas, uma coisa eu não consigo entender. Por que é que existe um certo preconceito com quem tenta flutuar entre duas artes, como interpretar e cantar, por exemplo?
São raros os artistas que não sofrem críticas quando resolvem transitar entre uma arte e outra, mesmo mostrando talento e condições para desenvolvê-las com grande desenvoltura.
É sabido que muitos artistas, que não estão preparados para executar uma arte diferente da sua, se aventuram em executá-la, recebendo muitas vezes, até elogios por suas atuações. Mas sabemos também, que muitas vezes, essa troca de arte, como um cantor interpretando, ou um ator cantando, são simples participações para garantir a audiência de certos programas, pois um artista completo que realmente leva a sério ás várias artes que domina, não consegue a mesma exposição.
Quando um ator sem grande expressão, tenta se lançar com um cantor, muitos torcem o nariz, pois duvidam de sua capacidade. O mesmo acontece ao inverso. Quando um cantor sem tanta popularidade, quer enveredar pelo caminho da interpretação, chovem críticas. É esse preconceito que acho estranho. Os artistas populares, podem tudo, mas o artista completo, não pode se dar a esse direito.
Ora, se o artista é completo, não interessa em que arte ele tenha maior visibilidade. O que interessa é que se ele tem talento suficiente para transitar entre várias artes, que o faça. O que podemos fazer é simplesmente aplaudir tamanha desenvoltura e talento.
Por isso, abaixo ao preconceito. Artista completo deve ser respeitado, pois ele não se fecha em torno de apenas uma arte. Não que quem não faça isso seja inferior. Um artista por completo, não tem limites para expor suas emoções, por isso necessita de várias manifestações artísticas. E cá entre nós, um espetáculo feito por um artista completo é muito melhor de assistir, não é mesmo?