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Nova ortografia portuguesa

Se você está confuso e sem entender o que muda com esse novo acordo ortográfico da língua portuguesa, recomendamos que visite o site: www.novaortografia.com e fique por dentro de tudo que mudará em nossa escrita!

O dom de aprendiz

Como tudo nessa vida, o teatro também necessita de muito estudo e esse estudo precisa ser continuo. O artista que acha já saber de tudo, acaba ficando pelo caminho, pois chegará um momento, em que não interessará o quanto ele tem de talento e de experiência, o que importará mesmo é saber se esse artista, pratica o seu dom de aprendiz.

Não é só porque já subiu em um palco, que já recebeu um ou mais prêmios, que possua até uma certa visibilidade ou que seja de certa forma famoso, que o artista disponha de conhecimento suficiente e definitivo de sua arte. O aprimoramento de sua arte precisa fazer parte de sua rotina, até mesmo para que ele possa reciclar as idéias e as técnicas que aprendeu até então.

A sede de conhecimento deve acompanhar toda a vida do artista e ele precisa estar disposto a reservar parte de seu tempo para aprimorar o seu conhecimento, seja teórico ou prático, e assim, se tornar um artista cada vez melhor.

Muitas vezes, o artista necessita dispor de mais tempo estudando e se aprimorando, do que exercendo a sua arte. Quem pensa diferente, com certeza enfrentará sérias dificuldades e dificilmente prosseguirá exercendo a sua arte, a menos que não se importe com as críticas que venha a receber.

Não pensem que teatro é fácil, pois não é. Não pensem que teatro é só aquilo que se assiste quando se abrem as cortinas. Teatro levado a sério, como uma carreira, exige a mesma disposição que é dada a qualquer outra profissão e nem sempre os esforços são reconhecidos.

O dom de aprendiz é bem mais importante do que o dom para arte, pois só o talento não sustenta a carreira de um artista, ele precisa sempre, lançar mão do seu dom de aprendiz. O artista precisa ter em mente que o conhecimento é a ferramenta que pode fazer a diferença entre uma carreira de sucessos e uma outra de fracassos, afinal de contas, aprender nunca é demais.

Por isso, procure praticar mais o seu dom de aprendiz, para que o dom que você tem para sua arte, realmente faça a diferença.

Vale tudo por um público?

Cada vez mais, as comédias escrachadas, os espetáculos chamados "besteirol", os "stand-up comedy" e coisas do tipo vão ganhando força e angariando cada vez mais público. É fato que o público de hoje em dia anda ávido por comédia, quer o riso fácil. Diz que de tristeza, basta a vida! Mas, será que vale tudo por um público?

Essa é uma dúvida que sempre pairará na hora de se produzir um espetáculo teatral. Optar por um clássico ou algo extremamente dramático ou partir para algo do tipo comédia da qual o público sempre estará disposto a assistir? Afinal de contas, é preciso garantir o leitinho das crianças, não é mesmo? Isso acaba pesado na hora da decisão de quem vive de arte. Que atire a primeira pedra, aquele que nunca teve de realizar um trabalho apenas pelo dinheiro, ignorando a qualidade artística do projeto.

Talvez, o ideal seria conseguir encontrar o equilíbrio e apresentar uma comédia que causasse o riso fácil e tivesse um texto com um pouco mais de profundidade, mas, nem sempre se encontra algo assim. Acontece que tem hora que é bem mais fácil ir na certa e garantir a bilheteria, porque tem vezes que desanima fazer apresentações com diálogos profundos e fazê-las para meia dúzia de gatos pingados.

O fato é que não cabe ficar aqui julgando que quem está certo é quem opta por apresentar comédias escrachadas ou quem prefere clássicos, teorias filosóficas e melodramas. A questão é saber se o artista está disposto a se "vender" para atender a vontade do público. Cada um deve saber o seu preço e o que quer do Teatro.

Por mais que muitos roguem pragas, desconjurem e queiram exorcizar aqueles que preferem " vender" a alma para o capitalismo selvagem, precisa-se medir sem preconceitos, o contexto do trabalho. Não é porque se trata de uma comédia, que não pode ser legal. Radicalismo não faz bem para nenhum dos lados.

É certo que essa questão causa e causará discussões infindáveis e que cada lado tentará mostrar a qualidade de sua arte, muito embora, todos sabemos que tem coisas por aí que chamam de arte, que pelo amor de Deus!... Mas isso é assunto pra depois.

O que não pode ser esquecido é que a opção também é do público. É ele quem está atrás das comédias escrachadas, dos "besteiróis", dos "stand-up comedy". O problema não é único e exclusivo do artista, talvez o público prefira mesmo "emburrecer" ou simplesmente se entreter sem maiores questionamentos e reflexôes.

A verdade sobre esse assunto é que os "don quixotes" do teatro continuarão correndo atrás dos seus moinhos de vento, alguns não tão radicais sobre essa questão, tentarão encontrar um meio termo e outros tantos, que pensam a arte como um simples produto de entretenimento, estarão sempre dispostos a venderem suas almas ao diabo, para poderem contar com o teatro entupido de gente.

Sua voz e sua liberdade de expressão

Essa novidade é o que chamamos de OFF-TOPIC, pois se encontra fora do tema "teatro". Mas vale a pena conferir: Trata-se do VoxMundo, um website que caba de ser lançado e onde todos gravam notícias, opiniões e comentários em áudio.

Quem quiser conhecer (e participar), basta acessar: www.voxmundo.com.br

A Incômoda Reflexão

O riso é o melhor recurso para a descontração. Rir é bom, rir é gostoso. Evidente, então, que a platéia prefira ir ao teatro para dar boas gargalhadas. Ninguém em sua sã consciência (e vacinado!) escolhe passar a vida chorando. Bem, pelo menos quase ninguém! Há sempre alguma exceção sisuda por aí maldizendo a si mesmo e ao mundo.

Neste contexto a comédia se mostra como uma opção mais eficiente de casa cheia. O caminho mais curto para o sucesso é fazer rir. Situações estapafúrdias e personagens caricaturais são ingredientes indispensáveis de uma boa peça cômica.

O público quer exorcizar seu tédio e a melancolia, sair do teatro mais leve, de bem com a vida... Para cair novamente neste mundo monótono, que poucas perspectivas oferece para a vida que se deseja viver mas não se consegue. Muitos obstáculos se erguem entre nós e os nossos sonhos. Infelizmente a comédia é incapaz de abordar nossa existência com profundidade.

O riso, para se efetivar, exige do espectador que expulse de sua mente o mundo real e mergulhe num mundo menos sombrio. Um mundo em que não identifique no palco os problemas que lhe causam angústia. E ali, na platéia, não seja uma presa de suas frustrações. Se a comédia, mesmo assim, se disponha a abordar alguma questão espinhosa, fará de forma que a descaracterize, para proporcionar o riso. Mas não faz por demérito, é que simplesmente esta é a sua essência: fazer rir. E rimos do que não sofremos na pele. Um exemplo: faça uma piada a um presidiário, insinuando que ele só vai sair da cadeia daqui a dez mil anos. Ele não vai achar graça alguma.

Agora, cabe ao drama apresentar um mundo, digamos, mais "redondo". O nosso mundo. Com o pé no chão e o céu, muitas vezes, nublado. Prescindindo do que, na comédia, é quase uma imposição: o final feliz. E quanto mais pautado na realidade, melhor. Que seus personagens sejam convincentes a ponto de tocar o expectador a fundo, esse é o seu grande intento. As suas dores, as nossas dores; As suas esperanças, as nossas também. Mesmo que em contextos diferentes, mas despertando o mesmo germe da emoção e do sentimento inerente a todo ser humano.

Em todas as suas matizes - Alegria, tristeza, ódio, dor, etc - o drama toca e abre as portas para a reflexão. Um processo que pode não ser tão agradável. Cutucar nossos conceitos e os ranços que herdamos pode ser doloroso. Mas é um dos passos fundamentais para uma consciência maior do mundo e de nós mesmos. E o drama se presta a isso.

Sejamos Contemporâneos

Tô cansado de ficar dando murro em ponta de faca. Cansado de me estressar com coisas insignificantes. Cansado de ficar indignado com os meios de comunicação e com o meio artístico. Resolvi dar uma trégua para isso, afinal de contas, tá tudo muito bom.
Pra que vamos perder tempo lendo Shakespeare, Kerouac, Vinícius de Moraes, Fernando Pessoa, Machado de Assis?... Tudo isso é bobagem. São escritores insignificantes e que não têm nada a dizer. Vamos ler Caras, Contigo, Minha Novela, os livros do Paulo Coelho... Vamos nos deliciar no banheiro com os relatos eróticos da Bruna Surfistinha. É muito mais legal e útil.

Por que ouvir Chico Buarque, Caetano Veloso, Tom Jobim?... Esses não entendem nada e suas músicas não passam de pura punhetagem. É muito mais divertido ouvir a Tati Quebra-Barraco (aliás, alguém sabe o seu paradeiro?) cantando: “eu vou bater uma siririca e gozar na tua cara...”, montar na éguinha pocotó junto com a Lacraia, ver o MC Creu (nem sei se é isso) em sua performance brilhante nas cinco velocidades do créu, créu, créu, créu, créu, créu... É a música mais criativa que já ouvi. De verdade. Tem muita profundidade essa letra, digna de um Grammy.

Vou perder meu tempo assistindo a programas de TV como o Café Filosófico, Nossa Língua, Tecendo o Saber, que entram no ar altas horas da madrugada, se posso assistir Casos de Família, Márcia Goldzsmit, Superpop, Big Brother Brasil?

Sou fanático por novela. Ainda bem que Janete Clair, Bráulio Pedroso, Dias Gomes, Ivani Ribeiro, Cassiano Gabus Mendes já morreram e não nos incomodam mais com aquelas merdas que escreviam. As novelas de agora são muito mais criativas; o primeiro bloco da novela das seis é igual ao segundo bloco da novela das sete e igual ao terceiro bloco da novela das nove, e todas têm mais de 200 capítulos. Posso deixar de ver 50 capítulos que quando voltar a assistir, vou saber tudo o que aconteceu. Olha que genialidade dos roteiristas?
Genialidade maior que essa, é ver determinados personagens acendendo o fogão com os fósforos da Fiat Lux, lavando louça com detergente Ypê, virando revendedores da Avon, ou induzindo outros personagens a fazerem um 21. Isso não é só merschandising, não. É a teledramaturgia contemporânea. A TV não é um comércio? Pois então. Tem que vender seus produtos. Não concordam?

E no teatro então? Eu quero ir pra dar risada, porque de tragédia basta a minha vida. Chega de Senhora dos Afogados (nas versões de Antunes Filho, Zé Henrique de Paula e a futura montagem do Zé Celso), Vestido de Noiva, 17x Nelson – porque insistem em montar as
peças dele?... Chega de Otelo, Hamlet, A Megera Domada – Credo! Quantas montagens de Shakespeare. Vamos ver coisas mais interessantes. Tem muita peça boa em cartaz. Só olhar nos guias e escolher...

Ser contemporâneo é aceitar, sem reclamar, aquilo que te oferecem, seja na literatura, na música, na televisão, no teatro, na política... Ser contemporâneo é chegar no 3º ano do Ensino Médio e não saber escrever o seu próprio nome... Ser contemporâneo é ver o mundo desabando na sua cabeça e não fazer porra nenhuma. Ser contemporâneo é deixar o seu lado HUMANO para se transformar numa MÁQUINA que não pode verter lágrimas para não enferrujar. Ser contemporâneo é se deparar com alguém tendo um enfarto na rua e sair correndo sem prestar socorro. Ser contemporâneo é se enfiar na política, roubar dinheiro público e se safar da prisão enquanto um pobre coitado, morto de fome, rouba uma margarina no supermercado e recebe a pena máxima. Ser contemporâneo é jogar uma criança do 6º andar. Ser contemporâneo é obrigar uma criança de 7 anos a chupar seu pau, gravar essa cena e depois jogá-la na internet. Ser contemporâneo é esquartejar os pais, os irmãos e ir ao cinema metralhar a platéia. Ser contemporâneo é acordar às 4 da manhã, pegar trem, metrô, lotação para chegar no trabalho às 8, ralar o dia todo e chegar em casa às 22 horas para no dia seguinte começar tudo de novo e receber, por todo esse sacrifício, um salário de merda.

Ah!!!! Como é triste se sentir deslocado... Como é triste ter opinião contrária da maioria das pessoas. Como é triste sentir-se como um beija-flor que, sozinho, tenta apagar um incêndio... Como é triste ser um apocalíptico e não um integrado. Como é triste ir contra um sistema. Como é triste saber que os grandes heróis da Humanidade foram mortos. E pior: como é triste saber que nasci na época errada.