O exercício da dramaturgia
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Last Updated on Friday, 06 September 2013 17:56
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Published on Monday, 26 May 2008 17:13
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Written by Paulo Sacaldassy
Hoje em dia, existem várias pessoas ávidas por se tornarem autores de novela, tal é o número de comunidades que são encontradas nos sites de relacionamentos falando desse assunto. E fazem sinopses, escrevem capítulos, escalam elencos, diretores, escolhem temas de abertura, as trilhas, mas, será que a grande maioria realmente conhece a estrutura dramática? Pelo que vejo, penso que não!
O que dá a impressão é que essas pessoas querem apenas entrar para televisão, como se a dramaturgia televisiva fosse a excelência. Ora, todos sabemos que a dramaturgia televisiva, principalmente a das novelas, é descartável, e muitas vezes, não respeita criação de personagens, verossimilhança de fatos, etc e tal, e preocupa-se mais com a luta pela audiência do que com outra coisa.
O trabalho de dramaturgia não é uma coisa fácil, mesmo na simplicidade de se contar uma simples história com dois ou três personagens. É consativo, minucioso, e por muitas vezes precisa ser refeito, mesmo quando a história lhe parece perfeita. Imagine esse trabalho numa obra complexa como uma novela, por exemplo? Precisa-se ter o perfeito domínio da estrutura dramática para não naufragar no meio do caminho.
Talvez o caminho mais fácil para esse pessoal fosse o teatro, mas como teatro não dá fama, muitos não querem perder tempo escrevendo “historinhas”. Tolos, pois, através da carpintaria do teatro é que se tem a condição de aprender a ter o domínio da estrutura dramática que servirá de base para sustentar dramaturgias maiores como novelas.
E olha, isso não é uma opinião única e exclusivamente minha, todos os autores consagrados que escrevem novelas atualmente, são desta mesma opinião. Teatro e cinema, são os caminhos mais seguros para se chegar a televisão, tentar encurtar o caminho indo direto à televisão é entrar num caminho quase sempre suícida, e muitos que pensam assim, ficam e ficarão pelo meio do caminho.
Agora eu pergunto: Qual a diferença em escrever uma peça de teatro, ou um roteiro de curta-metragem, e escrever uma sinopse para novela? Para os novatos, a resposta é uma só: A peça de teatro, ou o roteiro, tem a possibilidade de serem montada ou filmado, já a sinopse… fatalmente envelhecerá no fundo da gaveta.
Então, mesmo que o objetivo final seja esse, se tornar um autor de novela, perca um pouco de tempo exercitando a dramaturgia através de uma peça de teatro, ou de um roteiro de curta-metragem, com certeza, sua dramaturgia ficará mais consistente, e por conseguinte, suas sinopses serão muito mais elaboradas, o que resultará em uma história bem contada.
O exercício da dramaturgia é algo que tem que ser constante, e realizado até a exaustão, o que implica em escrever várias vezes a mesma história, e ao final, perceber que se faz necessário reescrevê-la novamente. Só assim a gente fortalece nossa dramaturgia, e reuni condições para encarar o desafio de escrever uma novela.
Escrever dá uma preguiça…
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Last Updated on Friday, 06 September 2013 17:56
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Published on Monday, 26 May 2008 17:04
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Written by Paulo Sacaldassy
Dois amigos que dividiam o mesmo sonho de tornarem-se roteiristas, dramaturgos, ou quem sabe, novelistas de sucesso, encontram-se após algum tempo, e um virou-se para o outro e disse:
- E aí, escrevendo muito?
- Caramba, tive uma idéia incrível para escrever uma história! Você não acredita! Quando eu escrever, vai ser o maior sucesso!
- E ainda não escreveu por quê?
- É que eu ando meio sem inspiração!
Pronto, chegamos ao ponto! Quem acredita que só vai conseguir escrever quando bater a inspiração, deve repensar o sonho de se tornar escritor, pois, com certeza, isso não passará de um sonho.
Escrever, como qualquer outra arte, demanda uma equação simples: cinco por cento de inspiração e noventa e cinco por cento de transpiração. Escrever é um exercício que se aprende escrevendo, e não existe outro jeito para se tornar escritor, por mais que se tenha criatividade e idéias em abundância.
Contar uma história pode até parecer uma coisa simples, mas quando chega o momento de colocá-la no papel é que se descobre que a tarefa não é assim tão simples como antes se pensava.
Há de se ter muita disposição para se dedicar a arte de escrever. É necessário aprender a escrever, mesmo quando não se tem nenhuma inspiração, e acima de tudo, ter disciplina e praticá-la continuamente. Se esse é o segredo, não sei, mas, aquele que consegue escrever uma ou duas horas por dia, todos os dias, terá mais habilidade e estará mais condicionado, do que aquele que escreve, oito, dez, ou doze horas em um único dia.
Ás vezes, se tem muitas idéias, mas não se tem o dom de escrever. O gostar das letras, não é pré-disposição para ninguém se tornar escritor, por isso, não há o porque ficar triste se não conseguir, afinal de contas, o que seria dos escritores, se não houvessem os leitores?
Uma coisa muito importante para quem pensa em viver das letras é que não se deve esperar grandes remunerações, nem uma popularidade imediata, pois escrever não traz notoriedade, nem tão pouco é capaz de dar a independência financeira logo no primeiro trabalho. Escrever, acima de tudo é cativar o outro através de suas palavras, e isso demanda um certo tempo, e uma boa dose de insistência.
Então, aquele que assim mesmo quer isso para sua vida, deve deixar a preguiça de lado, e começar por escrever uma folha por dia, no outro dia, escrever duas folhas, depois, escrever três, e quando menos esperar, terá colocado a sua história no papel.
E tenha a certeza de uma coisa, o exercício da transpiração lhe ajudará a completar o que a sua inspiração não for capaz de produzir.