Artigos Diversos

Os fins não justificam o meio

A cada dia que passa, a busca por um lugar no já não tão seleto grupo das chamadas “celebridades”, aumenta. Mais e mais, as emissoras de televisão colocam em suas grades, programas do tipo “reality show”, onde anônimos ou artistas de segundos e terceiros escalões fazem coisas que jamais se pensou ver algum dia.

 

O programa da hora atende pelo nome de “A Fazenda”, uma espécie de BBB com A Casa dos Artistas, onde “pseudos” artistas criam casos, fazem intrigas e armam mil e um barracos para chamar a atenção dos telespectadores, se colocando em situações deprimentes. Os fins não justificam os meios.

 

Quando se pensa em alcançar um espaço na televisão, é porque se quer dar uma maior visibilidade a um trabalho que está limitado a um pequeno número de pessoas, mas algumas pessoas buscam apenas quinze minutos de fama. A custa do quê? E pra quê? Parece uma doença contagiosa, que a cada dia que passa, se espalha feito epidemia.

 

O pior, é que quanto mais essas pessoas se submetem à situações degradantes, se satisfazendo em ocupar espaços em coisas do tipo “reality show”, mais e mais vão sendo chamadas à participar de programas do gênero, estando sempre no rol das chamadas “celebridades”, mas vivendo feito cachorro correndo atrás do rabo, não chegam a lugar nenhum.

 

É tão difícil formar um público que respeite o seu trabalho, que compre as suas idéias, que acompanhe sua carreira com respeito. Será que vale trocar tudo isso em nome de quinze minutos de fama e o título de celebridade da hora? Mas, também, o que interessa isso para quem só quer aparecer? Pois se tivessem algo realmente de interessante para mostrar, estariam muito ocupadas para se submeterem à coisas desse tipo, não é mesmo?

 

Mil vezes um trabalho suado por um pequeno espaço conquistado, do que um espaço enorme para não se ter trabalho nenhum para mostrar. Os fins não justificam os meios, e isso deve ser uma conduta de vida. Ás vezes o “ser” pequeno é tão grande, que as luzes dos holofotes da televisão não conseguem ofuscar.

 

Quando se pensa em ser artista, esse deve ser um cuidado a mais que se precisa tomar, pois para se construir uma carreira dá muito trabalho e conquistar o respeito dos outros dá um trabalho ainda maior. E talvez, quinze minutos de fama, não lhe valerá a pena.

A importância de um prêmio

Todo artista de grande expressão sempre procura deixar bem claro que os prêmios não são tão importantes como o fato de se ter uma carreira bem sucedida e ter a respeitabilidade da crítica e do público, mas um prêmio é sempre um prêmio, principalmente quando se está iniciando uma carreira.

 

É claro que os aplausos recebidos quando do encerramento de uma apresen-tação refletem que um bom trabalho acabou de ser realizado e funcionam como um prêmio para quem está em cena, mas a conquista de um prêmio individual pela atuação de um ator, atriz, diretor, dramaturgo, por mais singelo que seja, tem um poder ainda maior.

 

Quando se está começando e se tem a felicidade de ganhar um prêmio, mesmo que seja em um festival realizado nas dependências de uma escola de teatro, mesmo que este não tem nenhuma repercussão além dos limites da escola, no íntimo daquele estudante de teatro, esse prêmio funcionará como uma injeção de ânimo para prosseguir. Até aqueles que não são premiados, acabam sendo estimulados a se aplicarem para que na próxima vez, seja ele o contemplado com a premiação.

 

Muitos podem até discordar e afirmar que os prêmios, quase sempre, não refletem a realidade e, que muitas vezes, aqueles que tem de fato talento, são preteridos pelo gosto pessoal de um ou outro jurado. Pode até ser, mas o que não se pode negar é a importância de um prêmio.

 

Quando se tem uma carreira consolidada e consagrada e se é detentor de todos os prêmios possíveis e imagináveis em uma carreira artística, pode-se momento da carreira, um prêmio, mesmo sem nenhuma repercussão, serviu de estimulo para que esse artista seguisse o seu caminho rumo à uma carreira de sucesso.

 

Por isso, meus aplausos para aqueles que entendem a importância de um prêmio, principalmente aos que estão iniciando uma carreira. Um simples certificado indicando “melhor ator” ou “melhor atriz”, “melhor diretor”, ou “melhor dramaturgo”, pode parecer que não, mas pode representar o surgimento de um grande artista.

 

E aqueles que ainda não conseguiram nenhum prêmio, fica aqui a minha torcida para que esse dia chegue logo, pois um prêmio sempre é um divisor de águas em uma carreira. Só não se pode deslumbra-se com um prêmio, senão, ele pode representar o fim de uma carreira promissora.

 

O ator e a voz

Quando se pensa em teatro, logo se pensa em ator. Quando se pensa em ator, logo se pensa em uma boa interpretação. Mas, uma boa interpretação depende de um conjunto de fatores que precisam funcionar em perfeita harmonia.  E dentre esses fatores, um é por muitas vezes deixado em segundo plano: a voz.

A voz é tão ou mais importante que um gesto feito no momento certo, que um olhar preciso, que um silêncio cênico certeiro. Um ator que não consegue unificar sua voz a sua interpretação, tem sérios problemas, que interferem e acabam por desqualificar sua interpretação. A voz é o principal instrumento de um ator e muitos nem percebem isso.

Muitos ficam mais preocupados com o modo em que a sua personagem se senta, como ela se veste, com ela anda e até como ela fala. Acontece que ele, enquanto ator, por muitas vezes, se esquece de educar a sua voz. Articular corretamente as palavras e impostar a sua voz projetando-a por todo teatro, fará que o espectador, sentado na última fileira, entenda as ações e as reações da sua personagem.

De nada vai adiantar frequentar ás aulas de um curso de teatro, se aplicar nas aulas de interpretação, estudar as teorias, ler os textos e saber decorá-los, se na hora de colocar a voz, você não for capaz de pronunciar uma só palavra. A voz precisa e deve ser treinada diariamente. Existem muitos exercícios para isso. Todos podem parecer cansativos, mas são altamente necessários.

Precisa-se aprender a respirar com precisão, educar o diafragma para que se possa colocar a voz de uma maneira correta e audível, exercitar até a exaustão a articulação das palavras. E tudo isso não precisa ser feito nos ensaios, ou nas aulas de teatro, pode ser feito em casa, enquanto está estudando o texto, ou até quando se está curtindo o ócio.

Quem quer fazer da profissão de ator o seu ganha pão, precisa estar disposto a enfrentar muitas dificuldades e isso não se resume apenas aos ensaios exaustivos e as dificuldades de se produzir um espetáculo. Um ator tem que está preocupado com todos os detalhes e se preocupar com a sua voz, é uma das coisas mais importantes com que ele tem que se preocupar.

Portanto, exercite a sua voz, tão ou mais que a sua interpretação, pois se não for capaz de transmitir através da sua voz o que o seu personagem quer dizer, de nada vai valer todo o esforço que você levou para compor a sua personagem.

O lado negro da mídia

A busca desenfreada por pequenos pontos no IBOPE, ás vezes é capaz de coisas inimagináveis. Os responsáveis pelos programas de televisão acabam extrapolando de tal maneira, que são capazes de atitudes deprimentes. Os programas de televisão estão repletos de exemplos.

A bola da vez agora, atende pelo singelo nome de Maisa e é uma menininha de sete anos, recém completados, que divide o palco com o todo poderoso homem do baú. Entre brincadeiras e demonstrações de esperteza da pequena, a tal chamada “atração”, vai expondo a criança a várias situações constrangedoras.

O lado negro da mídia não perdoa nem mesmo uma criança. Pela luta insana por uma audiência maior, vale fazer a criança chorar a assustando com um menino fantasiado de monstro e, depois, repetir o programa para obter alguns pontinhos no IBOPE.

Não consigo entender essa relação do trabalho infantil na televisão. Se a legis-lação nacional proíbe que qualquer criança menor de quatorze anos exerça qualquer função de trabalho, ainda mais remunerada, por que não se pune a emissora, que além de empregar uma criança, a expõem á situações constrangedoras?

Mas, parece que alguém está tentando fazer valer o Estatuto da Criança e do Adolescente. O Ministério Público Federal e o Conselho Estadual dos Direitos das Crianças e Adolescentes estão solicitando as fitas dos programas e a Justiça de Osasco proibiu a participação da menina no próximo programa. É preciso rever essa tal autorização para criança participar em programas de televisão.

Parece que quanto mais o tempo passa, mais as pessoas vão se desinteres-sando pela televisão, pois muitas das emissoras, já perderam os limites de respeitabilidade com o telespectador. São mulheres seminuas contando experiências sexuais, exposição da miséria humana e agora, a exploração constrangedora de uma criança.

Para quem está buscando desenfreadamente seu espaço na televisão, cuidado, pois situações como esta, servem para alertar o quanto se tem de estar preparado para enfrentar o lado negro da mídia. Quem busca apenas o sucesso meteórico acaba sendo atraído para programas que, para alcançarem alguns pontinhos no IBOPE, não se constrange em colocar qualquer um no ridículo.   

Quando falta a inspiração

De repente você está ali, de frente ao computador, aquela tela em branco olhando para você, esperando que você comece a digitar as letras que vão contar mais uma história, a necessidade de cumprir o compromisso de escrever mais um texto martela o seu pensamento, mas, cadê a inspiração?

Quantos de vocês que escrevem já não passaram por isso? Por muitas vezes isso já aconteceu comigo. Tem hora que a inspiração não vem e não adianta insistir. Parece que cada vez que se insiste, mais a inspiração se afasta. Mas, como resolver essa equação entre a obrigação e a falta de inspiração?

É nessa hora que se entende como foi importante se criar uma disciplina de escrever todos os dias. Essa rotina de escrever qualquer coisa, de qualquer tamanho, sobre qualquer assunto, que não tenha nenhuma importância e que nunca vai se transformar em nada, é que vai nos dar o suporte para enfrentar essa falta de inspiração.

Como já é sabido por todos, quando se trata de arte, cinco por cento é inspiração e noventa e cinco por cento é transpiração, e quando a inspiração não dá o ar da graça, arregaçamos as mangas e suamos sangue para suprir essa falta, usando para isso, todos os artifícios adquiridos com os exercícios constantes da escrita.

Não adianta pensar que o simples talento para escrever vai salva-lo quando da falta da inspiração, se não há um exercício contínuo da escrita, mais cedo ou mais tarde vai se passar um apuro por não se conseguir escrever quando inspiração não vier.

Escrever é assim, só se aprende, escrevendo. Não tem outro jeito. E quanto a inspiração? Bem, com ela tudo fica bem mais fácil e o trabalho muito menos cansativo, mas, como não é sempre que se pode contar com ela, é melhor estar sempre se exercitando. 

Agora, como hoje a inspiração não me deu o ar de sua graça, vou ficando por aqui, pois ainda preciso trabalhar muito para terminar alguns textos. E como nem sempre se pode contar com a inspiração, eu vou aproveitar também para praticar um pouco mais a minha escrita. Boa semana para todos!

 

A iniciação teatral

É sempre muito louvável todas as tentativas e iniciativas de iniciar as crianças nas artes cênicas. Muitos e muitos colégios pelo país afora incluem como atividades extracurriculares, aulas de teatro, desde os seus pequeninos até a turma do ensino médio, só que tem um porém. Aliás, como sempre, em tudo tem um porém.

 

Há de se ter muito cuidado quando se propõe incluir aulas de teatro para crianças, pois, como tudo nessa vida, existe os muitos aproveitadores que se perfazem e se dizem conhecedores das artes cênicas, mas na verdade, não passam de picaretas, interessados sabe lá em quê!

 

É óbvio que não se espera que as crianças saiam desses cursos, com habilidades suficientes para brilharem sobre um palco, se espera apenas, que lhe sejam dadas informações suficientes para que elas saibam discernir sobre a arte e não distorcer o sentido das coisas.

 

E esse cuidado também deve ser tomado nos muitos cursos livres de teatro espalhados pelo país, pois, hoje em dia, muitos e muitos pais levam seus filhos para esses cursos, pensando em torná-los astros das novelas das nove, por isso, a responsabilidade por essa iniciação é muito grande.

 

Não temos como afastar esses aproveitadores, pois, como em todas as áreas, existem os maus e os bons profissionais. O que podemos fazer, enquanto pessoas interessadas em iniciar crianças no mundo das artes cênicas, é nos dedicar ao máximo para passar os ensinamentos necessários para que elas possam se tornar, no mínimo, grandes apreciadoras de espetáculos, sabendo a noção exata entre o bom e o mau teatro.

 

Então, que mais e mais crianças sejam iniciadas nas artes cênicas, pois, por certo, no futuro, teremos, quem sabe, alguns atores excelentes, mas com certeza, teremos um público altamente crítico e conhecedor do que vê em cena.

 

E tenham certeza que vale muito à pena toda a dedicação para iniciar as crianças nas artes cênicas, mesmo tendo o caminho atrapalhado por certos aproveitadores, interessados apenas em faturar em cima da ilusão de pais afoitos em fazer de seus filhos, astros da televisão.